Em uma área experimental de 10 mil hectares, a Be8 desenvolve, nesta safra de 2024, sementes e grãos de cultivares de trigo que serão a principal matéria-prima para movimentar a sua futura fábrica de etanol, em Passo Fundo. Uma parceria técnica com a Embrapa já desenvolve com aprimoramento genético também cultivares de triticale, assim como a variação do trigo, voltados à produção de etanol amiláceo.
O plano da maior empresa de Passo Fundo, que atualmente já produz biodiesel a partir da soja, é iniciar as produções de etanol e de glúten vital em 2026, com investimentos que se aproximam de R$ 1 bilhão.
"Além de desenvolvermos a melhor matéria-prima para a futura fábrica, o campo experimental é também uma forma de mostrarmos a toda a cadeia o potencial produtivo e em linha com o propósito de incremento de áreas com o plantio deste trigo específico, que não se destina à alimentação, nos próximos anos. Será uma oportunidade de fomentar novas culturas de inverno na região, gerando renda e liquidez no mercado", diz o presidente da Be8, Erasmo Battistella.
A intenção da empresa é mobilizar uma cadeia de até 12 mil produtores da região no cultivo deste cereal de inverno, que pode, como apontam as pesquisas, ter o triticale como alternativa. É que a futura produção gaúcha de etanol vai utilizar o amido dos cereais. Para a produção do etanol, é necessário, por exemplo, que os grãos concentrem mais de 63% de amido e mais de 14% de proteínas. De acordo com Battistella, a produção de etanol demandará mais de 550 mil toneladas de grãos por ano. O fomento à cadeia produtiva incluirá a capacitação de produtores da região.
A Be8, em 2023, atingiu o faturamento líquido de R$ 7,2 bilhões, e responde atualmente por 20% do PIB de Passo Fundo. A empresa produziu no ano passado 891,4 mil metros cúbicos de biodiesel, e é líder nacional no setor – responde por 10,9% da comercialização de biodiesel no Brasil. Também em 2023, as unidades de Passo Fundo e de Marialva, no Paraná, passaram por ampliações. Cada uma tem capacidade de produção de 540 milhões de litros por ano, e parte deste material já é exportada para os Estados Unidos. Com o novo projeto, serão R$ 556 milhões aportados na nova fábrica de etanol, em Passo Fundo. Outros R$ 300 milhões, são destinados a produzir, a partir dos mesmos cereais, glúten vital.
"O Brasil é uma potência em energia limpa, e pode ser uma referência no momento da transição energética, com a descarbonização. Estamos trabalhando com o combustível do futuro, com capacidade de traçar rotas para uma economia verde, gerando empregos aqui, com qualidade de vida, saúde e preservação ambiental. Mas é preciso pressa para o Congresso aprovar as leis que favoreçam esse avanço. Hoje, com eventos climáticos extremos, estamos vendo com precisão qual é o custo de não se fazer a transição", aponta o empresário.
Com financiamento superior a R$ 700 milhões recentemente aprovado pelo BNDES, e com o projeto de incentivo de R$ 56 milhões em análise na Câmara de Vereadores de Passo Fundo, as obras da nova planta industrial, que já têm licença de instalação aprovada pela Fepam desde abril, ainda não iniciaram.
Foi contratada a empresa indiana Praj para desenvolver os processos, projeto e engenharia da nova planta de etanol. "Um dos principais diferenciais da solução da Praj é a eficiência energética do projeto, capaz de garantir um produto de maior qualidade com o menor custo de operação, além de já terem experiência em produção de etanol à base de cereais", diz Battistella.
Fonte: Jornal do Comércio
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