O PIB total da cadeia da soja e do biodiesel do grão deve crescer 19,88% em 2023, segundo estimativa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). O crescimento maior, de 38,47%, é previsto para a soja dentro da porteira, ou seja, no interior da fazenda. Com isso, a cadeia produtiva pode alcançar um PIB total de R$ 691 bilhões neste ano, o que representa 28,5% do total do agronegócio brasileiro.
De acordo com a pesquisadora Nicole Rennó, da equipe macroeconômica do Cepea/Esalq, os novos dados gerados pela parceria Cepea-Abiove evidenciam a dimensão que essa cadeia produtiva alcançou com as estimativas para 2023, apontando para representatividades de 6,3% do PIB e 2,46% do emprego da economia brasileira como um todo. “Fica explicitado o enorme efeito multiplicador do grão, que também é indústria, e também é serviços. Para se ter uma ideia, se mantida a perspectiva de avanço de quase 20% do PIB nessa cadeia em 2023, isso pode significar um ganho superior a 1 ponto porcentual no crescimento do PIB brasileiro no ano”, disse.
Em 2022, soja e biodiesel tiveram um PIB de R$ 633,7 bilhões, equivalentes a 27% de todo agro nacional. O estudo mostra um crescimento sustentado e consistente da cadeia da soja desde 2010, quando essa participação era de apenas 9%. Em 12 anos, o agronegócio cresceu 8%, nossa economia, 12%, e a cadeia da soja expandiu 58%. É preciso registrar que o biodiesel de soja só se tornou expressivo no Brasil nos últimos cinco anos. Agora, a soja é responsável por mais de 80% do biodiesel produzido no País.
Desde 2012, o Cepea vem gerando informações sobre o PIB, emprego e balança comercial para a cadeia da soja e do biodiesel. Como critério metodológico, a cadeia produtiva é estruturada por segmentos que envolvem a parte agrícola, os insumos, o processamento (agroindústria) e os agrosserviços, incluindo comércio, transporte e outros serviços necessários para atender o consumidor final no Brasil ou a exportação.
Empregos
Em 2022, a cadeia da soja e do biodiesel gerou 2,05 milhões de empregos no Brasil, 80% a mais do que em 2012. Com isso, sua participação como geradora de empregos no agronegócio cresceu de 5,8% para 10,8%. Os agrosserviços ocupam a maior parte dessa mão de obra, com 1,35 milhão de empregos, 70,5% mais frente a 2012.
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O rendimento médio do trabalhador foi de R$ 2.912 por mês, 29% acima da média do agronegócio, de R$ 2.257. Na produção da soja, o salário chegou a R$ 3.417, um valor 115% acima do recebido na agricultura, de R$ 1.591. Nas agroindústrias, a remuneração foi de R$ 2.359, com valores mais altos registrados no esmagamento e refino (R$ 2.818) e no biodiesel (R$ 3.192). No mesmo período, o ganho médio da agroindústria brasileira foi de R$ 2.277.
Embora com mais oscilações, o crescimento das exportações para o complexo soja biodiesel também foi uma tendência nesta última década. Em 2022, o valor exportado atingiu um novo recorde de US$ 61,3 bilhões, representando 38% das exportações do agronegócio nacional. O principal destino é a China, que absorve desde 2013 mais da metade do valor exportado – 52,61% em 2022. Desde 2019, porém, os chineses têm reduzido sua dependência da soja brasileira, importando mais do Sudeste Asiático, da África e do Oriente Médio.
Em 2022, valor exportado para o complexo soja biodiesel atingiu recorde de US$ 61,3 bilhões; principal destino é a China. Foto: Werther Santana/Estadão
Também se destacaram como destinos do complexo soja em 2022 a União Europeia (14,51%), Sudeste Asiático (10.09%) e Oriente Médio (7,49%). Embora as exportações sejam relevantes para o saldo comercial, um volume significativo da produção abastece o mercado interno. Em 2022, a relação exportação versus produção foi de 61% para a soja em grão, 53% para o farelo de soja e 26% para o óleo de soja.
Impacto
Estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) mostra que a expectativa de crescimento da produção nacional da soja em 2023 é de 24%, o que coloca o grão como responsável por uma alta de 20% do PIB este ano. No primeiro trimestre, a agropecuária respondeu por mais de 30% do crescimento da economia, em comparação a 2022. “O resultado impressionante se explica pelo desempenho da soja, principalmente”, disse a pesquisadora Juliana Trecce. Conforme o estudo, a soja representava 16% do valor da produção agrícola brasileira em 2000 e, vinte anos depois, chegou a mais de 40%.
Embora com dimensões quase continentais, as lavouras estão concentradas nas regiões Sul e Centro-Oeste, especificamente nos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.
Fonte: Estadão
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