Pesquisa com a população de 18 países do G20, além de Áustria, Dinamarca, Quênia e Suécia, mostra que a maioria das pessoas está “muito” ou “extremamente” preocupada com as consequências das ações humanas sobre a natureza e o clima – com os emergentes reconhecendo que estão mais expostos.
Além disso, 59% acreditam que a natureza já está muito danificada para continuar atendendo às necessidades dos humanos a longo prazo e apenas 33% concordam que seu governo está fazendo o suficiente para enfrentar as mudanças climáticas e os danos ambientais.
Os países do G20 representam cerca de 85% do PIB global, 78% das emissões de gases de efeito estufa, mais de 75% do comércio internacional e cerca de dois terços da população mundial, o suficiente para colocar essas economias no centro das soluções – ou dos problemas – para enfrentamento à crise climática.
Cerca de 70% das 22 mil pessoas entrevistadas on-line no início deste ano pela Global Commons concordam que as atividades econômicas estão empurrando a Terra para além dos pontos de inflexão (tipping points) e que é preciso reduzir as emissões de carbono até o fim da próxima década.
Tipping points são os pontos de não retorno a partir dos quais os cientistas dizem que a natureza não será mais capaz de se recuperar. Neste cenário, a perda florestal da Amazônia, por exemplo, seria irreversível.
Na COP28, em novembro de 2023, mais de 200 cientistas divulgaram um estudo alertando que o mundo está à beira de cruzar linhas perigosas em pelo menos cinco sistemas cruciais para a humanidade.
Ecocídio como crime
Nos países do G20 (exceto Rússia), 72% das pessoas concordam que aprovar ou permitir ações que causem sérios danos à natureza e ao clima deve ser considerado um crime – esse percentual sobe para 83% considerando apenas os brasileiros, e cai para 43% entre os japoneses.
A pesquisa chega em meio a mudanças legislativas relacionadas ao tema em diferentes partes do mundo. No início deste ano, a Bélgica reconheceu o ecocídio como um crime federal.
Chile e França também já aprovaram legislações do tipo, enquanto Itália, México, Holanda, Peru e Escócia, entre outros, discutem o tema.
No Brasil, o PL 2933/2023 do deputado Guilherme Boulos (Psol/SP), atual candidato à prefeitura de São Paulo, tipifica o crime de ecocídio. O texto foi aprovado em novembro pela Comissão de Meio Ambiente e aguarda designação de relator na de Constituição e Justiça (CCJ).
Otimistas preocupados
Pessoalmente, a maioria dos entrevistados da pesquisa do G20 expressou otimismo sobre seu próprio futuro (62%), o que contrasta com as expectativas em relação ao do planeta: apenas 38% se dizem otimistas sobre o futuro do mundo.
“Em geral, os entrevistados no G20 estavam céticos de que a tecnologia pode resolver problemas ambientais – apenas 39% concordaram que as novas tecnologias podem resolver problemas ambientais sem que os indivíduos tenham que fazer grandes mudanças em suas vidas”, diz a pesquisa.
Mas há diferenças regionais marcantes. As pessoas que vivem em nações emergentes percebem-se mais expostas a choques ambientais e climáticos, como seca, inundações e clima extremo.
A preocupação com o estado da natureza hoje foi maior no Brasil, Turquia, Argentina, Indonésia, México, África do Sul, Índia e Quênia do que em países de alta renda na Europa, além de Japão e Arábia Saudita.
Outro dado obtido no levantamento é que aqueles expostos a ameaças climáticas e aqueles que se interessam por política têm mais probabilidade de se preocupar com a natureza e o planeta.
No geral, mulheres, pessoas com menos de 24 anos, e/ou com filhos também demonstraram maior inquietação com o futuro.
Cerca de 74% das mulheres defendem ações imediatas para lidar com as questões ambientais e climáticas, ante 68% dos homens. Elas também são significativamente menos propensas a acreditar que a tecnologia pode resolver problemas ambientais sem que os indivíduos tenham que fazer grandes mudanças no estilo de vida (35% em comparação com 44% dos homens).
Fonte: Eixos
“Brasil se torna a grande potência verde do mundo com Combustível do Futuro”, afirma Alexandre Silveira
Agro sustentável impulsiona liderança brasileira na transição energética, destaca Fávaro