O ano de 2024 pode ser o primeiro a ter um aumento da temperatura média global acima do 1,5ºC, o limite estabelecido pelo Acordo de Paris. As informações são do novo levantamento do observatório Copernicus, da União Europeia. Os dados devem ser cruciais para as negociações durante a COP29, que começa na próxima segunda-feira (11), em Baku, no Azerbaijão.
"Depois de 10 meses de 2024, agora é praticamente certo que 2024 será o ano mais quente em que se tem registo e o primeiro ano com mais de 1,5ºC acima da temperatura pré-industrial, de acordo com o conjunto de dados ERA5. Isto é um novo marco nos registos de temperatura global e deverá servir como um catalisador para aumentar a ambição para a próxima Conferência sobre Alterações Climáticas, a COP29.", Samantha Burgess, diretora adjunta do C3S (Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas, em tradução livre).
2024 pode terminar sendo o ano mais quente já registrado. Um novo boletim do Copernicus identificou que a temperatura média global nos primeiros 10 meses deste ano ficou 0,71ºC acima daquela registrada entre 1991 e 2020. Essa é a anomalia mais alta para esse período. A previsão é que o ano termine como o mais quente já registrado. A temperatura média global dos últimos 12 meses (novembro de 2023 - outubro de 2024) foi 0,74°C acima da média de 1991 a 2020 e cerca de 1,62°C acima da média do período pré-industrial (1850-1900).
A temperatura global chegou ao limite daquela prevista no Acordo de Paris, um dos principais tratados internacionais sobre as mudanças climáticas. O Copernicus prevê que o ano termine com um aumento da temperatura global maior que 1,55ºC em relação ao nível pré-industrial. O Acordo de Paris, assinado em 2015, previa que as nações unissem esforços para que a temperatura global não atingisse um aumento de 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. O valor seria necessário para mitigar as consequências do aquecimento global. No ano passado, no entanto,a média de aumento da temperatura global foi de 1,48ºC.
Outubro de 2024 foi o 15º mês num período de 16 meses em que a temperatura média global excedeu 1,5°C. O valor registrado foi de 1,65°C acima do nível pré-industrial. Este é o segundo outubro mais quente da história, ficando atrás apenas de outubro do ano passado.
A temperatura do mar também se manteve alta. O Pacífico equatorial oriental e central tiveram temperaturas abaixo da média, indicando a chegada das condições do La Niña, um fenômeno de resfriamento das temperaturas da superfície das águas. No entanto, em outras regiões, as temperaturas estiveram elevadas "anormalmente", como aponta o relatório.
Para o climatologista e colunista do UOL Carlos Nobre, os dados são graves e preocupantes. Segundo ele, a ciência ainda está tentando explicar o aumento acelerado da temperatura média global e procurando mecanismos que façam esses valores diminuírem.
"É muito preocupante. Se a temperatura permanecer [elevada] em 2025 e 2026, provavelmente ela não reduzirá novamente, e teríamos atingido as metas do Acordo de Paris, o que seria muito grave. O Acordo de Paris estabelece que se deve reduzir emissões de carbono até 2030 e zerar as emissões líquidas até 2050. Mas se atingirmos 1,5ºC ano que vem, essas metas fariam a temperatura chegar em 2050 muito acima de 2ºC. Teremos que zerar as emissões muito antes de 2050.", Carlos Nobre, climatologista.
Fonte: UOL Ecoa
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