Um dos pontos defendidos pelos produtores de biodiesel para convencer o governo a antecipar o cronograma de aumento da mistura foi a colaboração que o uso do biocombustível dá para a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) no país. A linha de pensamento apresentada pelo setor mostra que o crescimento do teor de adição ao diesel fóssil impacta na descarbonização da matriz de transporte no curto prazo.
Dados do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram que a presença do biodiesel na matriz de ciclo diesel ajudou a evitar a emissão de 4,4 milhões de toneladas de CO2 equivalentes no segundo trimestre deste ano, quando a mistura obrigatória do biocombustível estava em 12%. No mesmo período do ano passado, com a adição em 10%, foram mitigadas 3,5 milhões de toneladas de GEE.
"Acabamos de ver o final da COP 28 almejando alcançar a neutralização total das emissões de carbono até 2050, de acordo com a ciência, e aqui no Brasil temos uma solução comprovada e de curto prazo", destaca Julio Cesar Minelli, diretor superintendente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio). Ele ressalta que a indústria brasileira tem condições de aumentar a produção e atender à demanda da mistura de até 20%, o que poderia acelerar ainda mais os benefícios ambientais aos grandes centros urbanos.
Segundo dados do painel da FGV divulgados pela Aprobio, o biodiesel comercializado no segundo trimestre deste ano no Brasil apresentou melhoria de 3,5% na intensidade de carbono (IC), saindo de 18,2 gCO2eq/MJ no segundo trimestre de 2022 para 17,6 gCO2eq/MJ no mesmo período de 2023.
A melhoria da intensidade de carbono do ciclo diesel é resultado do ganho de eficiência energético-ambiental associado à produção de biodiesel e ao aumento na participação do biocombustível no consumo energético da frota pesada, disse a Aprobio. "Para se ter o mesmo resultado em termos de emissões de GEE evitadas no 2º trimestre de 2023, seria necessário o plantio de 10,7 mil hectares de floresta tropical", disse o estudo da FGV divulgado pela associação.
Sem a melhoria na IC do biodiesel e sem o aumento da mistura, de 10% para 12%, vigente desde abril deste ano, haveria um crescimento de 3,3% nas emissões de GEE na matriz do ciclo diesel no país, apontou o Observatório da FGV, fruto do aumento no consumo de diesel B nos períodos analisados.
"Passamos a acompanhar a situação das emissões no setor de combustível do ciclo diesel. Os resultados obtidos nessa versão ampliada do relatório evidenciam como políticas públicas, alterações no arcabouço regulatório e as condições de mercado afetam a dinâmica de emissões no setor de transporte no Brasil", disse Luciano Rodrigues, pesquisador do Observatório e coordenador do estudo, em material divulgado pela Aprobio.
Fonte: Globo Rural
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