Entre as diversas tecnologias estudadas e implementadas para descarbonizar o setor de automóveis, com boas alternativas de veículos e combustíveis sustentáveis, há vários exemplos, como os já conhecidos veículos elétricos. Dominique Mouette, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, afirma que, apesar de ser uma boa alternativa para o setor, o alto preço para sua utilização, o elevado consumo de lítio por suas baterias e a falta de estrutura para recarga rápida são fatores que devem ser levados em consideração.
Outra tecnologia muito semelhante é a utilizada nos chamados carros híbridos, mas sem a desvantagem da recarga. Isso acontece porque, nesse tipo de veículo, a bateria é recarregada através da energia usada ao frear o carro, mudando automaticamente do combustível líquido para o elétrico, conforme ele tem energia. Além dessas, a docente diz que muitas outras tecnologias estão sendo pesquisadas, principalmente para o transporte de carga. As alternativas sustentáveis como o caminhão elétrico e o etanol apresentam alguns problemas, como a ineficiente infraestrutura de recarga e a falta de distribuição uniforme no território brasileiro.
Outras tecnologias
Dessa forma, uma tecnologia que Dominique destaca é a do biometano, usada em veículos que são movidos a gás, seja comprimido ou liquefeito. A sua produção é dispersa pelo País, já que pode ser feita a partir da cana-de-açúcar e através de resíduos urbanos ou efluentes de esgoto, e necessita apenas do aumento da fabricação de veículos movidos a gás e de uma melhoria na infraestrutura de abastecimento desse gás. “É uma saída bem interessante para descarbonizar esse setor. Se você pegar tanto os resíduos urbanos quanto os efluentes do esgoto, eles naturalmente estão produzindo metano, e esse metano vai para a superfície. Então você recupera esse metano, resolve um problema, e ele se torna algo com um valor financeiro que pode dar retorno para os municípios”, complementa.
Além das tecnologias já citadas, Dominique comenta sobre o biodiesel, os combustíveis sintéticos e o hidrogênio verde, que já recebem investimentos de todo o mundo para a sua produção. Sobre o último, ela destaca: “Ainda não está pronto para utilizar porque produzir o hidrogênio vai consumir muita energia. Não adianta produzir hidrogênio com petróleo ou gás natural, com captura de carbono. Tem que ser o verde, mas ele ainda é muito caro. Então, é preciso desenvolver mais para melhorar o hidrogênio”.
Investimentos no setor
A especialista explica que a sociedade já tem conhecimento científico o suficiente para entender as consequências de cada tecnologia adotada e reforça a importância de políticas que incentivem a produção de combustíveis renováveis e veículos sustentáveis como a RenovaBio, focada em biocombustíveis. Conforme Dominique, todas as tecnologias precisam de uma política de incentivo do governo, com redução de impostos e linhas de financiamento.
“Viabilizar o hidrogênio é bem interessante, e o biometano também, já que está mais maduro e é melhor para utilizar. Até porque eu não acredito em fonte única. Nós temos de ter vários tipos de abastecimento. O elétrico tem o seu lugar, o biometano, o hidrogênio, nós temos que ter diversificação, até para ter uma segurança energética. Se der um problema, você sabe que tem outra opção e não fica tão dependente de mercados externos”, finaliza.
Fonte: O Progresso
Biocombustível de macaúba terá preço competitivo com do fóssil, diz diretor da Mubadala
Mercado de carbono é aprovado após acordos com agro, térmicas e distribuidoras
Na COP 29, Alckmin projeta Brasil como protagonista da nova economia global