Líderes da América Latina fizeram coro nesta quinta-feira (13) sobre a necessidade de integrar os países da região e de aproveitar a liderança do Brasil no G20, grupo das maiores economias do mundo mais União Europeia e União Africana, para avançar na discussão sobre a reforma de instituições multilaterais e no diálogo com países do chamado Norte Global.
O ex-presidente da Bolívia Jorge Quiroga chegou a sugerir a criação do G13, com países como Brasil, Arábia Saudita, China e Índia, e sem as nações do G7, grupo que, segundo ele, se torna menos relevante a cada dia, por causa da importância das ligações da América Latina com a Ásia e os países do Golfo Pérsico.
“Por que Brasil, Arábia Saudita, China e Índia não fazem um G13 para desenvolver nossa agenda e aproveitar o vácuo de liderança que o Ocidente criou? [...] Eu usaria o G20 no Brasil para que Estados do Golfo assinem acordos de comércio com a América do Sul, e com países asiáticos. E faria a mesma coisa com finanças e na esfera digital. Porque o mundo mudou de forma dramática”, afirmou no painel de encerramento do FII Priority Summit, ao lado dos ex-presidentes da Colômbia Juan Manuel Santos; do México Felipe Calderón; da Costa Rica Laura Chinchilla; e da Argentina Alberto Fernández.
Santos destacou o desafio das mudanças climáticas e cobrou um papel mais ativo das instituições financeiras internacionais.
“Estamos diante do maior problema existente que são as mudanças climáticas. E as instituições financeiras ainda não mudaram. O presidente Lula tem oportunidade tremenda de liderar esse tema, assim como a reforma das instituições financeiras. Do contrário, fracassaremos para impedir as mudanças climáticas”, afirmou.
O ex-presidente, que recebeu o Nobel da Paz pelo esforço de pacificação na Colômbia, destacou ainda a necessidade de diálogo entre líderes mundiais para enfrentar um cenário de múltiplos desafios, com guerras entre países, desenvolvimento da inteligência artificial e pandemias. “Os líderes do mundo que são capazes de mudar o que acontece e não conversam entre si. Isso é extremamente necessário pois o tempo é agora. Precisamos que líderes do G20 comecem a agir economicamente e politicamente”, notou.
O colombiano também disse que países da América do Sul têm vocação para produção de alimentos e geração de energia limpa por suas características naturais, mas ressaltou que esse potencial pode ser comprometido sem uma real integração entre as nações.
“Colômbia e Brasil são alguns dos países que têm maior potencial de produção de alimentos para o futuro. Temos energia solar, eólica, tudo. Porém precisamos integrar com resto da região”, disse.
Fernandez ressaltou que existe disparidade de demandas entre países do Norte e do Sul Global, mas que a liderança da China tem potencial de transformar o panorama geopolítico global: “A política mundial está mudando drasticamente e isso já ressignificou o G7”, sustentou.
Calderón, por sua vez, afirmou que a nova presidente do México, Claudia Sheinbaum, precisa unificar o povo e trabalhar para a fortalecer o Estado de Direito.
Eleita em 3 de junho, Sheinbaum, do partido Movimento Regeneração Nacional (Morena), é a primeira mulher a chefiar o poder Executivo do México - e não foi a candidata apoiada por Calderón.
Questionado sobre a corrida eleitoral, Calderón desconversou, passou do inglês para o espanhol e pareceu mandar um recado: “O México tem que resistir à tentação do autoritarismo. A América Latina não prosperou no autoritarismo e no populismo. [...] A presidente tem que unificar o povo, que tem a mesma terra, a mesma bandeira e quer o mesmo futuro próspero e independente.”
Fonte: Valor Econômico
Biocombustível de macaúba terá preço competitivo com do fóssil, diz diretor da Mubadala
Mercado de carbono é aprovado após acordos com agro, térmicas e distribuidoras
Na COP 29, Alckmin projeta Brasil como protagonista da nova economia global