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17 ago 2021 - 08:25
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Emergência climática requer medidas drásticas para mudar a gestão das cidades

O relatório do IPCC é um alerta definitivo sobre o papel antrópico na emergência climática


O relatório do IPCC (sigla em inglês do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) é um alerta definitivo sobre o papel antrópico na emergência climática. Do aquecimento de 1,09oC registrado atualmente em comparação com o período pré-industrial (1850-1900), 1,07oC deriva de ações humanas, como a queima de combustíveis fósseis e desmatamento.


É inequívoco, como afirma o relatório, o papel do homem nesse processo. E as consequências não são mais um distante e eventual risco futuro. Os eventos extremos estão ocorrendo cotidianamente, simultaneamente em vários partes do mundo. Afetam, a olho nu, a vida humana e a diversidade no planeta.


Em 2021, estamos vivendo a pior seca dos últimos 91 anos no Centro-Sul do Brasil. Ao mesmo tempo, inundações inéditas na Alemanha e China, ondas de calor de 46oC no Canadá, degelo na Antártida, perda de neve nos Andes e incêndios em florestas na Sibéria e na Califórnia.


Atualmente, o mar está se elevando 3,7 mm por ano, contra 1,35 mm no período entre 1901-1990. Fortes ressacas vêm destruindo áreas costeiras. Até a onda de frio no sul do Brasil, decorrente de alterações na circulação do ar antártico, é uma evidência de que estamos sofrendo os efeitos da emergência climática no nosso dia a dia.


 
Situação que irá piorar pois, mesmo que se faça um enorme esforço, reduzindo drasticamente as emissões, é mínima a possibilidade da temperatura global média não suba mais de 1,5oC até o final do século, meta do Acordo de Paris. Esse processo poderá gerar novos gatilhos, de consequências imprevisíveis.


Os cenários apresentados no Relatório do IPCC mostram que só existe esperança se a descarbonização e a redução da emissão de gases de efeito estufa for acelerada drasticamente. A janela de oportunidades para interromper esse processo está se fechando.


O relatório é categórico. Não é mais possível ser moderado em relação às políticas de clima. Os tomadores de decisões precisam adotar medidas radicais para mitigar as mudanças climáticas e evitar um desastre que, gradativamente, irá inviabilizar a vida humana em parcelas cada vez maiores no planeta. Se prevalecerem negacionistas, como Trump e Bolsonaro, estaremos perdidos.


As cidades têm um papel decisivo nesse processo, tanto pelo que ocorre no território urbano (uso de combustíveis fósseis, mobilidade insustentável, desperdício de energia, gestão inadequada de resíduos, ampliação da mancha urbana, uso exagerado de cimento, etc.), como em consequência dos hábitos e consumo da população urbana, que estimulam desmatamentos para ampliar a área de pastos e de plantação de grãos para alimentar as cidades.


A urbanização é crescente no planeta. Hoje, cerca de 56% da população mundial vive em cidades (4,4 bilhões). Em 2050, essa porcentagem alcançará 68%, com um acréscimo de 2,3 bilhões de seres humanos. Como afirma o professor Paulo Artaxo, um dos maiores especialistas em clima, “sem achar maneiras de construir cidades sustentáveis, fica difícil reduzir emissões”.


Repensar as cidades, nas suas múltiplas facetas, é parte fundamental da estratégia de enfrentamento da emergência climática, tanto para contribuir com a descarbonização como para ampliar a resiliência das cidades para enfrentar em melhores condições os eventos extremos.


Isso dialoga em múltiplos aspectos com o atual debate sobre planejamento e gestão urbana em São Paulo. É necessário acelerar a mudança do seu modelo de desenvolvimento urbano, como propõe o Plano Diretor Estratégico de 2014 e que se desdobra em inúmeros aspectos, como:


1. Trocar de modo acelerado toda a frota de ônibus por veículos movidos por combustível limpo, reduzindo o escandaloso prazo de 20 anos aprovado em 2019 pela Câmara Municipal, para atender a máfia do transporte coletivo.
2. Eliminar todos os incentivos aos automóveis, sobretudo com os que utilizam combustíveis fósseis. Racionalizar o uso dos carros, tornando mais cara sua utilização e o estacionamento.
3. Reduzir a geração de resíduos sólidos, o que implica em alterar o processo de produção industrial de embalagens, proibir descartáveis não recicláveis, compostar resíduos úmidos, reciclar os secos, implantar de maneira radical a logística reversa, taxando a cadeia produtiva que gera resíduos.
4. Financiar, com subsídio, e dar assistência técnica gratuita para a implantação de painéis solares fotovoltaicos nas edificações para reduzir o consumo de energia gerada por outros fontes.
5. Conter a expansão horizontal e garantir uma cidade mais compacta, de modo a acomodar o crescimento urbano e a habitação nas áreas já urbanizadas, adensando a ocupação urbana, especialmente nos eixos de transporte coletivo de massa e na orla industrial.
6. Aproximar o emprego das moradias para reduzir a dependência da mobilidade motorizada nos deslocamento urbanos.
7. Proteger as áreas de proteção ambiental (APP) urbanas e dos mananciais, garantir a segurança hídrica e universalizar o saneamento.
8. Garantir produção de alimentos no cinturão verde da Região Metropolitana e da Macrometrópole, aproximando-a da área de consumo.
9. Implantar um programa de educação ambiental e comunicação popular de larga dimensão para que a população se familiarize com a emergência climática e entenda a necessidade de mudar hábitos de consumo e de alimentação. Sem a participação da população nada do que é necessário fazer, terá sucesso.


ADENSAR NÃO SIGNIFICA VERTICALIZAR SEM CONSIDERAR OS ASPECTOS AMBIENTAIS E CULTURAIS


Construir uma cidade compacta e adensada junto aos eixos de transporte coletivos de massa, como apontei no item 5, não implica em desconsiderar outros aspectos fundamentais na sustentabilidade e cultura urbana. Mitigar a emergência climática significa também considerar a necessidade de ampliar a resiliência urbana, evitar impactos no lençol freático, aumentar a permeabilidade do solo e proteger as nascentes, os córregos e os rios urbanos.


São Paulo tem uma baixa densidade demográfica em decorrência, em primeiro lugar, de grandes glebas e imóveis ociosos ou subutilizados. A cidade pode ser mais compacta e densa e, ao mesmo tempo, proteger as áreas habitadas que apresentem interesse ambiental, cultural, afetivo e urbano.


Não se deve utilizar a emergência climática para defender uma verticalização sem limites, que se mal planejada pode gerar impactos ambientais tão indesejáveis que anulam os benefícios de uma cidade compacta.


Voltaremos a esse tema na próxima coluna, para debater, entre outros, o caso da Chácara das Jaboticabeiras, localizada no entorno de uma estação de metrô da Vila Mariana, em uma grota com nascentes, vielas estreitas e arborizadas, que está em processo de tombamento, a ser votado pelo Conpresp no próximo dia 23. É um bom exemplo para debater essa questão.


Fonte: Folha de S.Paulo

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