Dados divulgados na quinta-feira (27) pela Organização Meteorológica Mundial, OMM, confirmam que este julho está prestes a se tornar o mês mais quente já registrado. As altas temperaturas se relacionam com ondas de calor em boa parte da América do Norte, Ásia e Europa.
De acordo com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, “as consequências são claras e trágicas: crianças arrastadas por chuvas torrenciais, famílias fugindo de incêndios e trabalhadores desmaiando no calor escaldante.”
O líder da ONU disse que a mudança climática “já está aqui”, é “assustadora” e que o que estamos vendo é “apenas o começo.”
Incêndios florestais em países como Canadá e Grécia têm um impacto enorme na saúde das pessoas, no meio ambiente e nas economias.
Guterres lembrou que tudo que está acontecendo é “inteiramente consistente com previsões e alertas repetidos diversas vezes.”
Ele enfatizou que o “nível dos lucros com combustíveis fósseis e da falta de ação climática são inaceitáveis.” Embora reconheça alguns progressos com energia renovável, o chefe das Nações Unidas considera que isso ainda não é suficiente.
Responsabilidade do G20
Guterres destacou que existem “diversas oportunidades críticas” chegando para mudar este quadro. Dentre elas as Cúpulas Climática da África, do G20, da Ambição Climática da ONU e a Conferência sobre Mudança Climática, COP28, marcada para os Emirados Árabes Unidos.
As 20 maiores economias do mundo, que compõem o G20, o grupo que inclui o Brasil, são responsáveis por 80% das emissões globais de gases do efeito estufa. Por isso, o secretário-geral afirmou que essas nações “devem intensificar ações climáticas e reforçar a justiça climática.”
Respondendo a jornalistas, ele disse que a próxima Cúpula do G20, em setembro, na Índia, será decisiva, pois nenhuma outra nação tem como compensar as consequências “caso o G20 não atue com seriedade para reduzir de forma dramática as emissões.”
Guterres também cobrou planos factíveis para acabar com o uso de carvão até 2040 e uma atuação firme das instituições financeiras para encerrar empréstimos e investimentos em combustíveis fósseis.
Planos de adaptação insuficientes
Antes da divulgação do relatório, o climatologista Álvaro Silva, da OMM, contou à ONU News, de Lisboa, que além da mitigação é importante melhorar os planos de adaptação.
“Estamos cada vez mais a experienciar aquilo que foi antecipado há muitos anos do ponto de vista de mudança climática. É importante não esquecer que temos que acelerar a adaptação, porque muitas vezes a adaptação pode não ser suficiente do ponto de vista das medidas que estão atualmente em vigor e dos planos de ação.”
Segundo a OMM, em 6 de julho, a média diária da temperatura global do ar ultrapassou o recorde estabelecido em agosto de 2016, tornando-se o dia mais quente já registrado, com os dias 5 e 7 de julho logo atrás.
As três primeiras semanas de julho foram o período de três semanas mais quente já visto. Desde maio, a temperatura média global da superfície do mar está bem acima dos valores observados anteriormente para esta a época do ano, contribuindo para o julho excepcionalmente quente de 2023.
Fonte: ONU News | Um Só Planeta
Biocombustíveis: a melhor solução de curto prazo para uma transição energética eficiente
FPBio vai ao Palácio do Planalto confirmar apoio ao projeto de lei 'Combustível do Futuro'
Indústrias de biodiesel se articulam para reverter importação e garantir aumento da mistura em 2024