Artigo de Francisco Turra, Presidente do Conselho de Administração da APROBIO
Vivemos no mesmo planeta, respiramos o mesmo ar, mas criamos barreiras para defender aspirações locais. No tabuleiro geopolítico, as nações jogam olhando apenas para seus próprios interesses, e o agronegócio brasileiro tem papel fundamental nessa disputa.
Em preservação ambiental, somos a referência a ser seguida. O Brasil possui cerca de 500 milhões de hectares cobertos por florestas. Segundo o IBGE, 97% dessa área é composta por florestas naturais.
O que nos afasta de mercados exigentes são a nossa falha de comunicação e a pouca disposição para estabelecer acordos internacionais
Sem competir por espaço com áreas de preservação, o Brasil tem mais terras agricultáveis que podem ser incorporadas à produção de alimentos que qualquer outro país do mundo. Já somos um dos cinco principais produtores de 34 commodities agrícolas e as colheitas batem recordes sucessivamente. Os avanços em produtividade também permitem continuar essa expansão.
O que nos afasta de mercados exigentes são a nossa falha de comunicação e a pouca disposição para estabelecer acordos internacionais.
Há 30 anos, escolhemos a rota da multilateralidade para ganhar escala, ao invés de privilegiar acordos bilaterais ou trilaterais. Apesar de negociações em 160 mercados, temos acordos voláteis e desiguais em função de tarifas impostas ou regras restritivas. Chile, Peru e México estão em outro patamar de preferência, com mais de 30 acordos bilaterais firmados.
Barreiras sanitárias, ambientais e técnicas são estabelecidas por muitos países, notadamente pela União Europeia, e só servem para bloquear, restringir e prejudicar o comércio do Brasil, ameaçando a normalidade e a estrutura das nossas empresas. Gritamos forte internamente, mas capitulamos na reação.
Acordos comerciais são políticas de Estado e devem contar com a articulação dos Poderes Executivos e Legislativos, junto com entidades representativas de todos os setores envolvidos e organizações internacionais de regulação do comércio. É bom reconhecer que os países não têm amigos, têm interesses. Dentro dessa máxima, ou zelamos de maneira firme pelos nossos interesses e usamos a força da nossa vocação – o agronegócio –, ou perdemos essa batalha.
Publicado no Zero Hora
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