No ano passado, a China respondeu por 75% (75,6 milhões de toneladas) da soja exportada pelo Brasil. Os altos volumes adquiridos sempre geram questionamentos e preocupações sobre uma possível dependência no comércio com o país asiático. Os dados são da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
Vale lembrar que a commodity importada pelo país é usada, em sua maioria, na alimentação de animais como suínos, frangos e bovinos. No entanto, a oleaginosa, como o própria classificação do grão aponta, conta com outras finalidades, entre elas, a produção de biocombustíveis, como é o caso do biodiesel. O Brasil responde por 39% da produção global de soja.
E nos próximos anos, a demanda crescente pelo combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla inglês), com base nas metas globais pela descarbonização, prometem exigir uma maior produção de biocombustíveis. O setor aéreo é responsável por 2% das emissões globais de gases de efeito estufa.
A população ocupada na cadeia da soja e do biodiesel no Brasil foi de 2,32 milhões de pessoas, representando 10,07% do agronegócio e 2,35% do total do país, segundo o Cepea.
O que é o SAF?
O SAF pode ser produzido a partir de diferentes matérias-primas, como óleos vegetais, etanol, biomassa, biodiesel, gorduras animais, óleo de cozinha usado e resíduos agrícolas.
Entre as principais matérias-primas, o Brasil aparece bem posicionado globalmente pela sua capacidade na produção de soja (biodiesel), assim como o etanol, pela produção de cana-de-açúcar e milho.
De acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), o SAF pode contribuir com cerca de 65% da redução de emissões necessária para o transporte aéreo atingir a neutralidade de CO2 em 2050. Mas para isso, será necessário um aumento na produção de combustível sustentável para o setor.
Ainda no ano passado, de acordo com o Cepea, o valor do Produto Interno Bruto (PIB) agregado pela cadeia produtiva da soja alcançou R$ 636 bilhões em 2023, representando 23,2% do PIB do agro brasileiro e 5,9% do PIB total do Brasil.
SAF pode reduzir dependência do Brasil por compras de soja da China?
De acordo com o professor da Universidade de Waterloo, Jesse Van Griensven Thé, o SAF pode ser uma boa alternativa para as exportações brasileiras.
Com base no volume total produzido pelo Brasil em 2023, de 145 milhões de toneladas, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o país poderia produzir, em teoria, 26,2 milhões de óleo de soja, assumindo que seja possível extrair 18% de óleo da soja.
“Em termos de barris de petróleo, isto é equivalente a 183 milhões de barris. A conversão do óleo de soja para SAF tem um rendimento de 80%. Portanto, o volume de SAF disponível seria de 147 milhões de barris de SAF. Considerando que a aviação comercial global consome anualmente 2,2 bilhões de barris de petróleo (segundo a IATA), em um cenário hipotético, a soja brasileira poderia reduzir o uso de combustíveis fósseis em aproximadamente 6% a 7%”, comenta
Para Van Griensven, utilizar a soja para produção de SAF seria uma alternativa viável para o Brasil caso ocorra uma interrupção das compras de soja do Brasil pela China.
Fonte: MoneyTimes
Biocombustível de macaúba terá preço competitivo com do fóssil, diz diretor da Mubadala
Mercado de carbono é aprovado após acordos com agro, térmicas e distribuidoras
Na COP 29, Alckmin projeta Brasil como protagonista da nova economia global