O preço médio do Crédito de Descarbonização (CBIO), compensação obrigatória dos distribuidores de combustíveis para redução de gases do efeito estufa, cresceu mais de 175% em dois anos.
Os dados são de um estudo produzido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) em parceria com a Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural?e Biocombustíveis (Brasilcom).
Em junho de 2020, o custo médio era de R$ 43 por cada CBIO. Já neste mês de julho, saltou para R$ 119,70.
“Aumento de CBIOS é igual a aumento em gasolina e diesel, pois estes valores são custos das distribuidoras. Buscamos atuação do governo para evitar especulação e que a obrigação de compra de CBIOs seja atribuída à produção e à importação – que têm instrumentos para reduzir gases do efeito estufa, além de permitir a fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários e do Banco Central para evitar especulação e movimentos de aumento proposital do preço dos CBIOs”, declarou Sergio Massillon, diretor Institucional da Brasilcom.
O Ministério de Minas e Energia confirmou à CNN que tem trabalhado para “identificar as causas do aumento de preço do Crédito de Descarbonização e eventuais efeitos no mercado de combustíveis.”
A pasta ainda afirmou que discute revisar, até o fim deste mês de julho, a portaria que definiu as regras do mercado de CBIOs para “proteger os agentes de oscilações bruscas no preço do CBIO.”
A CNN buscou contato com a Associação Brasileira da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), principal representante das usinas credenciadas para emissão dos CBIOs, para questionar sobre como a entidade vê esse aumento e suas causas.
A reportagem aguarda um retorno.
O que é CBIO?
O Crédito de Descarbonização (CBIO) é uma medida adotada pela Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), criada para cumprir os compromissos assumidos pelo Brasil na COP 21, a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima.
O país estabeleceu metas anuais de descarbonização para o setor de combustíveis, com o intuito de aumentar a participação de bioenergia na matriz energética brasileira para aproximadamente 18% até 2030.
O papel de CBIO é emitido por produtores e importadores de biocombustíveis, como o etanol, e comprado por distribuidores de combustíveis fósseis, que possuem metas anuais de descarbonização calculadas pela ANP, com base na proporção de combustíveis fósseis que comercializam.
Cada CBIO corresponde a uma tonelada de gás carbônico evitado e, a cada ano, a distribuidora de combustível fóssil deve solicitar a “aposentadoria” de CBIOs em quantidade equivalente às metas de descarbonização estabelecidas.
O que os pesquisadores da PUC-RJ apontaram é que a falta de uma regulação sobre esses papéis gera um aumento exponencial no preço.
A consequência, segundo o levantamento, é um aumento de custos para as distribuidoras, que vão repassar esse valor para o consumidor final.
Fonte: CNN
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