O BNDES pretende aprovar mais de R$ 52 bilhões para projetos de infraestrutura e transição energética neste ano. A instituição prevê desembolsos da ordem de R$ 45 a R$ 50 bilhões para o setor em 2023. A projeção é da diretora responsável pela área, Luciana Costa, que afirma que o banco tem recursos disponíveis para alavancar os projetos. “A nossa restrição não é de funding, mas de ter projetos bem estruturados”, disse ao Valor.
Costa avalia que o banco passou por um período de “desalavancagem”, e observa que o desembolso no setor de infraestrutura somou R$ bilhões em 2022. Ela defende uma maior atuação do banco de desenvolvimento em um setor que envolve incertezas e projetos de longo prazo.
“O Brasil é um país volátil e esses projetos demoram muitos anos sendo estruturados. O mercado de capitais pode fechar a janela e os bancos comerciais podem ter mais ou menos apetite dependendo da situação do mercado”, avalia. Por isso, diz, a estratégia da nova administração foi focar em projetos com estruturação avançada para que eles sejam aprovados mais rapidamente.
A diretoria espera que a emissão de “títulos verdes”, lançados mês passado pelo Tesouro Nacional, impulsione o financiamento de projetos sustentáveis. A intenção do governo é aportar US$ 2 bilhões - cerca de R$ 10 bilhões - no Fundo Clima com a primeira emissão de título de dívida soberana sustentável do governo brasileiro.
O Fundo Clima financia empreendimentos para mitigar mudanças climáticas e é gerido pelo BNDES. A expectativa é que os novos papéis do Tesouro tenham taxas menores e que o banco possa combiná-las com a Taxa de Longo Prazo (TLP), para baratear o crédito e estimular os projetos.
“A ideia é que a Fazenda assuma o risco cambial e repasse esses recursos apenas com custo de emissão. E a gente vai usar esse dinheiro para financiar projetos relacionados a transição energética e infraestrutura social”, explicou.
Costa participa, nesta quarta (11), de um seminário do BNDES, em parceria com a Petrobras, sobre transição energética. O banco e a petrolífera assinaram, em junho, um acordo de cooperação técnica com foco em transição energética, pesquisa, desenvolvimento científico reindustrialização.
Assim como Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, a diretora de infraestrutura do banco tem repetido que os Estados Unidos e a Euro adotaram incentivos e subsídios agressivos para financiar a transição. Para Costa, no entanto, há “menos espaço fiscal” para iniciativas semelhantes no Brasil, o que coloca a Petrobras no centro da estratégia.
“Os lucros do pré-sal e da exploração da Margem Equatorial, daqui a quatro ou cinco anos, vão ser muito relevantes para o país financiar a transição. Os lucros da Margem são absolutamente necessários”, defendeu. O BNDES tem 7,9% das ações da Petrobras - cerca de R$ 30 bilhões - e, segundo Costa, vai apoiar financeiramente a companhia, se necessário.
Em junho, ao anunciar o acordo de cooperação, Mercadante disse que o BNDES quer aumentar os investimentos na petrolífera. Mas o objetivo esbarra em uma regra do Banco Central que limita o valor investido na companhia pelo banco de desenvolvimento.
Fonte: Valor
Biocombustíveis: a melhor solução de curto prazo para uma transição energética eficiente
FPBio vai ao Palácio do Planalto confirmar apoio ao projeto de lei 'Combustível do Futuro'
Indústrias de biodiesel se articulam para reverter importação e garantir aumento da mistura em 2024