Qual a participação do agro no Produto Interno Bruto (PIB) Brasil? Eis uma pergunta com diferentes respostas. Podem ser levadas em conta apenas as atividades agropecuárias primárias, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dirá que a fatia é inferior a 10%. Ou, incluídos também os segmentos de insumos, serviços e as agroindústrias, o percentual é superior a 25%, como indicam os cálculos conjuntos feitos pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
Mas há também o conceito de bioeconomia, que envolve a produção a partir de recursos biológicos renováveis e a conversão desses recursos e resíduos em produtos de valor agregado como alimentos, rações, produtos biológicos e bioenergia. Debruçado sobre esse conceito, o Observatório de Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV) chegou à conclusão que a fatia, em 2019, foi de 19,6%. Naquele ano, aponta estudo assinado pelos pesquisadores Cicero Zanetti de Lima e Talita Priscila Pinto, o PIB-Bio somou R$ 1,447 trilhão.
Segundo trabalho, as atividades de origem vegetal responderam por R$ 357,7 bilhões, ou 24,7% do valor consolidado da bioeconomia, as de origem animal representaram R$ 115,8 bilhões (8%), as extrativistas atingiram R$ 41,1 bilhões (2,8%), as bioindustriais chegaram a R$ 777,6 bilhões (53,7%) e as atividades da bioindústria “bio-based” somaram R$ 154,5 bilhões (10,7%).
“Qualquer política agroambiental que afeta direta ou indiretamente a produção das atividades da bioeconomia não pode ser propriamente avaliada sem se conhecer o tamanho da cadeia de valor da bioeconomia, bem como os efeitos dessas atividades sobre o restante da economia”, avaliam os pesquisadores. A grosso modo, esclarece o estudo, a bioeconomia é composta por agricultura e pecuária, silvicultura, pesca, alimentos e pela produção de celulose e papel, além de partes das indústrias química, biotecnológica e energética.
Diferença de conceitos
Os autores realçam que é comum a bioeconomia ser associada à “economia verde” ou à economia circular. Mas são conceitos diferentes. A “economia verde” envolve ecossistemas, atividades econômicas de baixo carbono e também inclusão social, enquanto a economia circular se refere a uma forma de produzir bens e serviços com a reciclagem ou a redução do uso de matérias-primas originais, incluindo os recursos biológicos. “Já a economia de base biológica e biomassa (bio-based) está muito mais próxima do que é a bioeconomia, uma vez que é definida como a produção de bens e serviços a parte de recursos biológicos e biomassa”.
De acordo com os resultados calculados no trabalho, 75% da geração de valor das atividades de origem vegetal, animal e extrativista acontece nos segmentos de insumos e bioeconomia — ou seja, essas atividades têm uma geração de valor concentrados no segmento da própria bioeconomia, e cerca de 25% vêm da distribuição e serviços. Já o segmento de distribuição e serviços corresponde a 59% da geração de valor bioindustrial, enquanto a indústria bio-based gera 53% de seu valor dentro do segmento industrial.
Relações de oferta
Diante dessas definições, os pesquisadores chamam a atenção para as relações de oferta (multiplicadores), que ajudam a mensurar a importância econômica dos produtos da bioeconomia. No caso do milho, por exemplo, a relação de oferta total do produto foi de 0,749 no ano do estudo, o que significa que uma variação de R$ 1,00 no valor da produção implica variação de R$ 0,749 em toda a economia.
Mas é na bioindústria que os multiplicadores são mais expressivos. Nos pescados industrializados, chega a 1,50, na carne de aves é de 1,43, na carne bovina chega a 1,45 e na carne suína, a 1,46. “Esse resultado é reflexo da importância do consumo intermediário dessas atividades na cadeia de valor da bioeconomia“.
Fonte: Valor
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