*Artigo de Francisco Turra, Presidente do Conselho de Administração, e Julio Cesar Minelli, Diretor Superintendente da APROBIO
As notícias climáticas que chegam da Europa e dos Estados Unidos acenderam uma luz de alerta sobre a importância de se ter uma alternativa limpa, sustentável e tecnologicamente madura ao combustível fóssil para redução dos gases de efeito estufa. O mundo já reconhece os efeitos das mudanças climáticas na saúde, na economia, no emprego, na renda, na produção de alimentos e para o meio ambiente. O maior desafio do momento é a gestão das emissões do transporte nas grandes cidades, um dos maiores vilões para o aquecimento global.
Acelerar o uso de biocombustíveis oferece benefícios três vezes maiores em comparação ao uso de Veículos Elétricos (VE) – foi o que revelou o estudo recém-publicado pela Stillwater Associates* para o Diesel Technology Forum, que avaliou os benefícios ambientais concretos da adoção de estratégias de eletrificação e de uso de biodiesel e diesel verde. Foram analisados os desempenhos de caminhões médios e pesados operando em 10 estados dos Estados Unidos.
A tecnologia de biocombustíveis é uma solução disponível e com capacidade de ser utilizada em maior escala. É uma alternativa que utiliza toda a infraestrutura atual – desde a rede de distribuição até a sua aplicação em motores de qualquer idade –, possui baixo custo de transição e representa um impacto imediato para a descarbonização.
O setor aéreo já afirmou que o uso do combustível aéreo renovável (SAF, na sigla em inglês) será responsável por garantir 65% da meta de neutralidade de emissões até 2050. A posição da International Air Transport Association (IATA) é de defesa de um esforço coletivo de toda a indústria juntamente com governos, produtores e investidores para que o setor possa alcançar suas próprias metas.
O Brasil tem uma excelente oportunidade para se posicionar nessa transição e ser referência global. Para isso, precisamos consolidar nossa Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), avançando nos percentuais de combustíveis renováveis, em especial no ciclo diesel, e introduzindo os biocombustíveis de segunda geração, como o bioquerosene de aviação. São ações importantes para manter o país como referência mundial na descarbonização da matriz de transportes e para cumprir os compromissos assumidos pelo governo brasileiro no Acordo de Paris, que foram reforçadas na última COP26.
Só assim poderemos garantir a segurança energética, a previsibilidade do mercado e a mitigação de emissões dos gases causadores do efeito estufa no setor de transportes.
*Artigo foi publicado na edição da revista do XI Seminário Internacional Frotas & Fretes Verdes 2022
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