Assim como as gorduras, que possuem importante participação como insumo na produção de biodiesel, o uso de Óleo de Cozinha Usado (UCO, sigla em inglês) cresceu 30% em 2022 comparado ao ano anterior. O volume de 148 milhões de litros é recorde (Fonte: ANP), considerando os dados compilados no Painel Dinâmico da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (veja quadro abaixo) e disponíveis desde 2017.
“O número é especialmente significativo porque o avanço do uso dessa matéria-prima residual se deu enquanto a produção de biodiesel caiu 7% no mesmo período em função da manutenção da mistura em 10%”, destaca Julio Cesar Minelli, Diretor Superintendente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (APROBIO).
Economia Circular
O resíduo do óleo de cozinha é um item potencialmente poluidor quando descartado de maneira inadequada, sendo necessário ampliar as alternativas que possibilitem a sua reciclagem, o que configura a promoção de modelo de Economia Circular, quando o melhor uso de recursos naturais é feito por meio de novos modelos de negócios e da otimização nos processos de fabricação com menor dependência de matéria-prima virgem, priorizando insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis.
O uso dos óleos usados na produção de biodiesel agrega valor ao resíduo e promove uma organização natural das cadeias de coleta para a sua aplicação industrial, desde o usuário doméstico até as redes de alimentação, gerando renda para os envolvidos.
Painel Dinâmico da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - https://www.gov.br/anp/pt-br/centrais-de-conteudo/paineis-dinamicos-da-anp/painel-dinamico-da-qualidade-da-producao-de-biodiesel
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) terá sua primeira reunião no novo governo no próximo dia 17 de março, informou o Ministério de Minas e Energia (MME). Há uma expectativa de que na oportunidade possa ser discutido o teor de mistura de biodiesel no diesel, hoje em 10% (B10), com validade a partir de abril, e o crescimento para B15 de forma progressiva, conforme já previsto em lei.
“Além dos benefícios ambientais, de inclusão social e de geração de emprego e renda em todo o país, conciliando segurança alimentar e energética, a ampliação da mistura tem potencial de transformar o UCO em energia limpa, o que é uma grande conquista para a Economia Circular”, analisa Minelli.
Apesar do UCO representar 2,25% do total de insumo convertido em biodiesel (segundo a ANP), sua participação se aproxima dos 21% no Sudeste.
Mais CBIOs por volume de biodiesel produzido
O potencial de uso é muito grande: a estimativa de consumo de óleo comestível no Brasil foi de cerca de 4 bilhões de litros em 2022. Considerado um resíduo de alto valor, depois de reciclado, pode ser usado também como matéria-prima para a produção de tintas, vernizes, sabão e ração animal. Por ser uma matéria-prima residual, não são atribuídas emissões de gases de efeito estufa (GEE) a este insumo, maximizando o potencial de descarbonização do biodiesel, elevando a quantidade de Crédito de Descarbonização (CBIO) que pode ser emitida por volume produzido.
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