Estou entusiasmado com as oportunidades que vislumbro para o Brasil a partir da necessidade dos países de promoverem uma transição energética para uma economia de baixo carbono. O Brasil tem uma matriz energética limpa e uma matriz elétrica limpíssima, tem abundância de sol, de ventos, de água, de biomassa, de biodiversidade e de minerais estratégicos, condições naturais que nos dão vantagens comparativas enormes.
No cenário local, temos o presidente Lula, que, com sua visão política, assumiu um protagonismo global e trouxe o tema da economia verde para a centralidade do debate. O vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin instituiu, entre as missões do projeto de neoindustrialização, a bioeconomia, a descarbonização e a transição energética. A Câmara aprovou a reforma tributária que vai simplificar enormemente o sistema tributário brasileiro, reduzindo custos. Por sua vez, os presidentes da Câmara e do Senado já revelaram que vão priorizar a agenda verde ao longo do semestre.
No cenário internacional, a guerra da Ucrânia, a crise de abastecimento de IFAs durante a pandemia, as tensões econômicas entre China e Estados Unidos apontam para a necessidade dos países e empresas descentralizarem os seus investimentos para locais com estabilidade democrática, segurança jurídica, proximidade dos mercados consumidores e acesso a energia limpa e barata permitindo a produção de manufaturas de alto valor agregado e baixa pegada de carbono.
O Brasil já aprovou o aumento gradual da mistura de biodiesel no diesel fóssil e aprovará o aumento da mistura do etanol na gasolina de 27% para 30%. Essa convergência levará o Brasil a aprovar até o final do ano os projetos de lei do mercado de carbono, regulamentação das eólicas offshore, hidrogênio de baixo carbono, diesel verde, combustível sustentável de aviação e a captura e estocagem de carbono. Em oito meses tivemos uma redução de 48% no desmatamento da Amazônia. Até o final do ano, esses números serão muito mais expressivos.
A neoindustrialização a partir da transição energética oferece uma oportunidade única para o Nordeste Brasileiro, por sua matriz energética limpa à base de energias fotovoltaicas, eólicas onshore e offshore para ser um grande produtor de hidrogênio verde atraindo para a região toda uma cadeia de suprimentos e as indústrias intensivas em energias com capacidade para produzir uma enorme variedade de produtos verdes de alto valor agregado gerando renda e empregos qualificados para a população local.
As demais regiões do país se beneficiarão pela diversificação e adensamento das cadeias produtivas de biocombustíveis. A produção de hidrogênio, a partir da reforma do etanol, deverá ter impacto significativo na descarbonização das indústrias e na produção de fertilizantes verdes. A utilização de resíduos da agricultura e da pecuária, do etanol de primeira e segunda gerações, de vários tipos de biomassa utilizando áreas de pastagens degradadas permitirão ao Brasil assumir a liderança também na produção do combustível sustentável de aviação e do e-metanol aproveitando-se dos compromissos de reduções de emissões globais que as empresas de aviação e de transporte marítimo estão submetidas. A Aliança Global para Biocombustíveis, liderada pelo Brasil, Índia e Estados Unidos, ampliará significativamente o mercado de biocombustíveis em todo o mundo. Também destaco a Amazônia, o maior repositório de biodiversidade e novas moléculas do mundo.
A Amazônia brasileira é um mar verde de oportunidades para o desenvolvimento de novos produtos em setores cuja demanda mundial é cada vez maior. Aliado a tudo isso, temos um país com tradição pacífica, bom relacionamento político com todos os países e com democracia fortalecida. O Brasil é o melhor destino para empresas de todo o mundo que precisam acelerar seus processos de descarbonização com custos mais reduzidos.
As oportunidades estão aí. Todos somos protagonistas e podemos deixar um legado para o planeta. Estamos numa corrida contra as mudanças climáticas. Em um mundo global, é importante que as oportunidades também sejam globalizadas, pois os efeitos perversos das mudanças climáticas afetam a todos os países. O Brasil reúne as condições ideais para investimentos de impacto social, ambiental e econômico. No Brasil, o sinal está verde para os novos tempos e novos investidores. O sinal está verde para o planeta.
RODRIGO ROLLEMBERG - Secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
Fonte: Correio Braziliense
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