Uma Paris mais verde e mais limpa: esse é o objetivo de diversos projetos que investem na criação de espaços para pedestres e ciclistas, novos parques e até jardins dentro de estações do metrô. As autoridades francesas apostam nessas iniciativas para oferecer mais natureza aos parisienses e melhorar a qualidade do ar na capital, depois dos frequentes picos de poluição registrados no último inverno.
O Rives de Seine, um parque de sete quilômetros nas margens do rio Sena, foi recentemente inaugurado, apesar da oposição de alguns políticos em fechar uma parte da região à circulação de veículos. Para a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, o projeto foi ousado, mas necessário.
Clique
aqui para assistir ao vídeo.
"Foi preciso ousar para vencermos. Vocês acompanharam a polêmica e o combate que travamos pelo Rives de Seine. Fomos adiante porque precisamos oferecer espaços para a população e para os visitantes nos centros urbanos. Nós não somos contra os carros, mas somos contra a poluição", declarou durante a inauguração do parque.
Embora elogiado por muitos parisienses e turistas, o Rives de Seine não é unanimidade, especialmente entre os motoristas da capital. "Eu moro a cerca de 150 metros do parque. Isso quer dizer que, a partir de agora, para eu voltar do trabalho à noite, o trajeto que eu fazia em 15, 20 minutos, vai durar meia hora, 45 minutos, ou seja, duas ou três vezes mais do que o tempo que eu levava antes", reclama o parisiense Jérôme.
Jardins dentro do metrô
Além do
fechamento de algumas vias nos arredores do rio Sena, outras iniciativas tentam levar mais natureza ao dia a dia dos parisienses e talvez possam até convencê-los a deixar seus veículos em casa.
A Rede Autônoma de Transportes de Paris (RATP), que gerencia o transporte público na região da capital, desenvolve atualmente um projeto de criação de jardins em algumas estações ao ar livre do metrô, que deve começar a colocada em prática nas linhas 2 e 6 no segundo semestre deste ano.
A ideia surgiu em uma consulta promovida pela rede sobre a melhora dos serviços no transporte público da capital e foram os próprios moradores de Paris que sugeriram os espaços verdes no metrô. Franck Avice, diretor de serviços de relações clientes e espaços da RATP, acredita que essa escolha não foi por acaso.
"Isso demonstra o interesse das pessoas por trajetos que sejam mais verdes e que aliviem um pouco o cinza e o excesso de construções da cidade. A vegetalização das estações de metrô faz parte dessa tendência de tornar a capital francesa mais verde e limpa. E, não há dúvidas, oferecer natureza através dos transportes traz um respiro para os viajantes", afirmou Avice, em entrevista à
RFI.
Espaços verdes combatem a poluição
A implementação de projetos como esses trouxeram uma melhora efetiva à
qualidade do ar na capital francesa, avalia a
Airparif. O organismo, que controla a poluição atmosférica em Paris, divulgou em março um estudo que apontou para a diminuição de 25% da poluição nas áreas que foram fechadas para a circulação de carros nas margens do rio Sena desde o ano passado.
O problema é que, depois da criação desses espaços para pedestres, o ar teve uma piora de 5 a 10% em outras regiões onde a circulação de carros aumentou. "Claro, a criação dessas zonas sem veículos tem um impacto positivo, como mostrou nosso estudo. Mas, nessas áreas onde o ar piorou, há ainda trabalho a fazer", diz Amélie Fritz, porta-voz da Airparif.
Ela lembra, no entanto, que apenas a criação de espaços verdes não resolve definitivamente o problema da poluição de Paris. Para a Airparif, é essencial continuar implementando
as tradicionais medidas para a melhora da qualidade do ar, além de dar seguimento a campanhas de conscientização e educação da população.
Fonte: rfi