As entidades representativas do setor de biocombustíveis na Argentina, Brasil, Colômbia, Paraguai e Uruguai lançaram nesta quinta-feira (27) o Manifesto em Defesa dos Biocombustíveis como forma de expressar a firme convicção de que é essencial que todos os governos promovam, de forma abrangente, a estratégia de transição energética pelo desenvolvimento do setor, tanto para o transporte veicular, quanto para o aéreo, fluvial e marítimo.
O Manifesto destaca a importância de definir marcos regulatórios que garantam o avanço dos investimentos em biocombustíveis e pesquisas científicas e tecnológicas para que os países possam cumprir os compromissos assumidos para a descarbonização no Acordo de Paris, aproveitando as capacidades de suas cadeias agrícola e pecuária.
“A América do Sul tem recursos fundamentais para ser líder mundial na produção de energia limpa e renovável, contribuindo para reduzir a dependência da energia fóssil para movimentar a economia. No entanto, esse atributo está longe de ser explorado em seu imenso potencial para reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) de setores cruciais como os transportes urbano, interurbano, fluvial, marítimo e aéreo”, destaca o Manifesto.
As associações destacam a importância de ações urgentes dos governos, das empresas e da comunidade para impulsionar a transição energética. “Precisamos de líderes e de parlamentos comprometidos com essa nova agenda e um roteiro regional claro que consiga combinar com responsabilidade as diferentes rotas tecnológicas para a transição energética. O custo da inação será muito maior do que a agenda de sustentabilidade mais ambiciosa que podemos imaginar.”
A iniciativa representa um marco para que as entidades possam começar a atuar alinhadas na construção de um plano de ação que apoie os setores de aviação, transporte marítimo e transporte pesado a superar os desafios da descarbonização.
Ao final do documento, as entidades estabelecem seus principais alvos:
- Defendemos a criação de marcos regulatórios estáveis e regras claras que proporcionem a segurança jurídica necessária para aumentar o investimento no setor e, portanto, a expansão da capacidade produtiva e a industrialização de áreas rurais nas Américas;
- Defendemos roteiros claros e planejamentos energéticos de longo prazo que confirmem as escolhas dos estados e suscitem a confiança dos investidores;
- Defendemos a criação de um plano regional de transição energética em termos de financiamento e alinhamento político face às alterações climáticas e aos recursos que a região dispõe para enfrentá-las;
- Defendemos que os governos dos países sul-americanos, juntamente com a sociedade civil, o setor empresarial e parceiros internacionais, tomem medidas mais ousadas em consonância com a magnitude das oportunidades e desafios enfrentados pela região e pelo mundo;
- Defendemos que a América Latina se torne até 2050 uma região com a matriz de combustíveis plenamente limpa, renovável e sustentável por meio de compromissos firmes, graduais e inexoráveis.
Entidades signatárias
Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE)
Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (APROBIO)
Alcoholes del Uruguay (ALUR)
Cámara de Biocombustibles de Argentina (CARBIO)
Cámara de la Industria Aceitera Argentina (CIARA)
Cámara Bioetanol de Maiz
Cámara Paraguaya de Biocombustibles y Energías Renovables (BIOCAP)
Cámara Panamericana de Biocombustibles Avanzados (CAPBA)
Centro Azucarero Argentino (CAA)
Federación Nacional de Biocombustibles de Colombia (FedeBiocombustibles)
International Air Transport Association (IATA)
União Nacional do Etanol de Milho (UNEM)
União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica)
DEPOIMENTOS
"É imperativo encontrar uma solução para a poluição e o impacto ambiental dos combustíveis fósseis. A América Latina tem uma grande solução que requer políticas estatais alinhadas e claras"
Luis Zubizarreta, Presidente da Cámara de Biocombustibles de Argentina (CARBIO)
“Os biocombustíveis existem há meio século e, mesmo diante das inúmeras vantagens econômicas e ambientais, a expansão de utilização ainda se dá de forma demasiadamente lenta. A mobilização das entidades é um alerta sobre a necessidade de derrubarmos barreiras e construirmos regulamentações que permitam acelerar o processo. Estamos perdendo tempo.”
André Nassar, Presidente Executivo da Abiove
“A união de todas essas entidades mostra o senso comum e o reconhecimento de que é necessário mobilizar as ações na direção de valorizar os patrimônios locais para produção de biocombustíveis ao mesmo tempo que desenvolve toda a cadeia de valor envolvida, gerando emprego e promovendo a economia, ao mesmo tempo em que se materializa como uma solução de curto prazo e baixo investimento para uma transição efetiva da matriz energética mais limpa.”
Francisco Turra, Presidente do Conselho de Administração da APROBIO
“Esta declaração é um marco para a matriz energética global, em especial para a América do Sul. As câmaras iniciaram um diálogo profundo sobre a concepção de novos paradigmas em energia renovável regional. Estamos certos de que isto significa o início de uma revolução industrial sul-americana em energia renovável e pode dar uma marca regional aos biocombustíveis. A Argentina, o Brasil, a Colômbia, o Paraguai, o Uruguai, podem se desenvolver como um centro comercial e logístico para a produção de energias limpas e renováveis. É o início de um caminho de ações conjuntas para fortalecer as indústrias sul-americanas e propor políticas públicas firmes nesta área. Unir forças é a melhor maneira de contribuir juntos para a redução dos Gases de Efeito Estufa (GHG).”
Erasmo Carlos Battistella, Diretor do Conselho de Administração da APROBIO
“Esta declaração é um marco para a matriz energética regional. As câmaras iniciaram um diálogo profundo sobre a concepção de novos paradigmas em energia renovável regional. Estamos certos de que isto significa o início de uma revolução industrial sul-americana em energia renovável e pode dar uma marca regional aos biocombustíveis. O Paraguai pode se desenvolver como um centro comercial e logístico para a produção de energias limpas e renováveis. É o início de um caminho de ações conjuntas para fortalecer as indústrias sul-americanas e propor políticas públicas firmes nesta área. Unir forças é a melhor maneira de contribuir juntos para a redução dos Gases de Efeito Estufa (GHG).”
Massimiliano Corsi, Presidente da Câmara Paraguaia de Biocombustíveis (Biocap)
“Como indústria, apoiamos o apelo aos governos latino-americanos para a implementação de políticas públicas que apoiem o desenvolvimento de biocombustíveis, incluindo combustíveis de aviação sustentáveis. Somos uma região rica em recursos naturais e temos enormes oportunidades para liderar a produção e distribuição, atendendo aos mais altos padrões de sustentabilidade e contribuindo com renda para economias locais, pequenos produtores e sociedades em geral. Os biocombustíveis desempenham um papel fundamental, não apenas para as metas de descarbonização do transporte aéreo, mas também para cumprir os compromissos dos estados no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.”
International Air Transport Association (IATA)
“Temos a oportunidade de consolidar a América do Sul como o centro global da bioenergia e da mobilidade sustentável, oferecendo ao mundo parte da solução para a descarbonização, com o etanol e demais biocombustíveis. Para isso, precisamos consolidar políticas públicas que garantam previsibilidade e segurança jurídica aos investidores, reconhecendo as externalidades positivas ambientais e socioeconômicas dos biocombustíveis para a sociedade.”
Evandro Gussi, Presidente da União da Indústria da Cana-de-açúcar e Bioenergia (UNICA)
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