A gaúcha 3tentos, que atua nos segmentos de insumos agrícolas, quer facilitar o acesso de seus fornecedores de soja ao mercado de créditos de carbono. Idealizado em 2019, o Projeto Carbono, que começou com 40 produtores no Rio Grande do Sul, deverá atender 500 agricultores em 2023, com a expansão das ações para Mato Grosso.
A primeira fase do projeto consistiu em medir a pegada de carbono em 21 fazendas no bioma Pampa e em 19 propriedades no bioma Mata Atlântica, numa área total de 40,9 mil hectares. O resultado foi de 450 quilos de carbono por tonelada.
“Para chegar a esse resultado, analisamos todos os insumos que foram utilizados nas propriedades e quanto disso foi transformado em grão. Essa metodologia seguiu diretrizes científicas de programas consagrados no país, como o RenovaBio”, disse Felipe Dalzotto Artuzo, consultor de novos negócios da 3tentos.
As propriedades avaliadas estão próximas às unidades de originação de grãos e produção de biodiesel da 3tentos. Ou seja, a maioria da soja produzida nessas fazendas não é exportada e, portanto, tem menor impacto ambiental derivado dos transportes terrestre e marítimo. Além disso, a produção dos grãos está em áreas consolidadas e sem alertas de desmatamento, com estabilidade no uso do solo e com plantio direto.
Artuzo relatou que os produtores que participaram do projeto ficaram animados ao descobrir que sua pegada de carbono é menor que a dos sojicultores dos Estados Unidos, onde o resultado é calculado em 1,2 toneladas de carbono emitidas para cada tonelada de soja colhida.
Após medir a pegada de carbono das propriedades, a 3tentos certificou os produtores e o objetivo, agora, é prepará-los para o ingresso no mercado de créditos de carbono. A monetização desses créditos será a segunda etapa do projeto, que deverá ser implementada em 2023, segundo Carlos Linassi, coordenador de inovação da companhia. O investimento previsto para as ações dentro da iniciativa não foi divulgado.
Segundo ele, todas as propriedades certificadas pela empresa têm condições de participar do mercado de carbono por cumprir regras como áreas sem desmatamento, sem histórico de trabalho escravo e com o Cadastro Ambiental Rural (CAR).
“O mercado de carbono sempre foi muito focado em floresta e pouco se falava dele para a agricultura. O solo é um grande sequestrador de carbono, mas ainda temos poucas metodologias para mensurar esse impacto. O projeto joga uma luz nessa questão”, disse Felipe Artuzo.
Fonte: Valor
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