Cada décimo de grau importa, já que os impactos das mudanças climáticas e do aquecimento global sobre a saúde humana são sempre crescentes.
Hoje, com um aquecimento global da ordem de 1
oC acima da temperatura pré-industrial, já se observam em toda parte impactos das mudanças climáticas sobre a saúde humana.
A mudança climática afeta diretamente a saúde humana por meio de eventos climáticos extremos, da propagação de doenças transmitidas por vetores e outras doenças infecciosas e do agravamento da poluição do ar. Indiretamente, a mudança do clima afeta a saúde humana causando desnutrição, piorando as condições de trabalho e gerando estresse mental.
A ciência mostra que os impactos das mudanças climáticas sobre a saúde num cenário de aquecimento global de 1,5°C são menores que os esperados em um cenário de aquecimento de 2°C, e significativamente menores se comparados com a situação criada em um cenário de aquecimento de 3°C.
Portanto, limitar o aquecimento global em 1,5°C traz benefícios substanciais para a saúde das pessoas. Mas mesmo neste cenário as mudanças climáticas ainda criarão problemas de saúde para muitos.
Vamos descrever a seguir os impactos da mudança climática nos cenários de aquecimento global de 1,5°C, de 2°C e de 3°C, incorporando os achados das novas pesquisas sintetizadas no relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) lançado no início de outubro de 2018.
Os impactos do calor sobre a saúde
O calor extremo é uma das
principais causas de morte relacionadas ao clima. Desde meados do século XX, a duração e a quantidade de ondas de calor
aumentaram como resultado das mudanças climáticas causadas pelo homem. Mesmo que o aquecimento fique limitado a 1,5°C, haverá um aumento no número de dias quentes e de problemas de saúde relacionados ao calor, já que a combinação de mudanças climáticas com urbanização continua a intensificar os extremos de calor em todo o mundo.
O estresse térmico afeta a produtividade e pode
aumentar o risco de doenças cardiovasculares, respiratórias e renais. Mesmo o aquecimento de 1°C reduz potencialmente a produtividade entre 1% e 3% daqueles que trabalham ao ar livre. Populações pobres e sem acesso ao ar condicionado serão as mais afetadas, pois terão mais dificuldade de escapar do calor extremo.
O estresse térmico combinado com esforço físico e falta de hidratação pode causar a
doença renal crônica (DRC), que diminui a função renal ao longo do tempo.
Casos de DRC conhecidos como
nefropatia mesoamericana surgiram na América Central, um tipo de nefropatia que pode estar ligada ao estresse térmico (HSN). A DRC afeta desproporcionalmente populações pobres e trabalhadores manuais que trabalham em condições térmicas quentes.
Se o aquecimento global for limitado em 1,5°C:
- Em 2015, uma onda de calor em Karachi, no Paquistão, matou 300 pessoas. De acordo com uma projeção, um aumento de temperatura de 1,5°C faria a região passar pela mesma temperatura uma vez a cada 3,6 anos.
- No clima de hoje, em média, a África sofre de uma a três ondas de calor por ano, nas quais as temperaturas sobem para a faixa de 5% das mais altas da média da região durante 2 ou 3 dias. Em um mundo aquecido em 1,5°C, esta frequência pode dobrar até meados do século.
- Num mundo aquecido em 1,5oC, duas vezes mais megacidades (como por exemplo, Lagos na Nigéria e Xangai na China) podem sofrer estresse térmico, expondo mais 350 milhões de pessoas ao calor até 2050 (isto é mais do que a população combinada do México e do Brasil).
Se o aquecimento global chegar em 2°C:
- A onda de calor do verão europeu de 2003, que matou 70.000 pessoas, foi um exemplo de onda de calor três sigma. A maioria das ondas calor deste nível resultam em sérios impactos para a sociedade, provocando mortes, incêndios florestais graves ou perdas de colheitas. Se as temperaturas subirem 2°C acima dos níveis pré-industriais, extremos de calor deste nível poderão acontecer em metade dos meses de verão dos países tropicais, enquanto na Europa Ocidental, poderão acontecer em um quinto dos meses de verão. No Oriente Médio e no Norte da África, as temperaturas poderiam chegar a 46°C nos dias mais quentes. Temperaturas altas assim representam uma séria ameaça à vida e poderiam tornar inabitáveis algumas partes da região.
Se o aquecimento global ultrapassar os 3°C:
- No clima de hoje, a África sofre em média de uma a três ondas de calor por ano. Se as temperaturas médias subirem 3°C até o final do século, estas ondas de calor podem aumentar em cinco vezes até meados do século.
- Também é provável que as secas se tornem cada vez mais frequentes e severas na área do Mediterrâneo, na Europa Ocidental e no norte da Escandinávia.
Os impactos da poluição do ar na saúde
A poluição do ar é hoje um dos
principais fatores de risco à saúde, levando a aumentos importantes da mortalidade e da morbidade via doenças cardiovasculares e pulmonares. A poluição do ar em todo o mundo e frequentemente causada pelo uso dos mesmos combustíveis fósseis que causam a mudança climática, e
esta pode piorar os efeitos da poluição do ar. A poluição do ar é um
grande problema principalmente nas áreas urbanas, mas atinge níveis particularmente altos nas cidades do centro, do sul e do leste da Ásia.
Se o aquecimento global for limitado em 1,5°C:
- Espera-se que as mortes relacionadas com o ozônio aumentem das 382.000 que ocorreram no ano 2000 para aproximadamente 1,7 milhões em todo o mundo até 2100, num vasto leque de trajetórias futuras de aquecimento.
Se o aquecimento global chegar em 2°C:
- O risco de mortes relacionadas com o ozônio deve aumentar em comparação com o cenário de aquecimento limitado em 1,5°C.
Redução da disponibilidade de alimentos
A segurança alimentar é determinada por fatores ambientais, sociais, políticos e econômicos. Os problemas de disponibilidade de alimentos se tornarão mais pronunciados à medida que a temperatura global aumentar. Para cada
grau de aumento de temperatura, a produção mundial de trigo cai em 6% e a produção mundial de arroz cai em 10%.
Mudanças na precipitação, aumento na temperatura média e mudanças na composição do solo são fatores determinantes para o crescimento e a qualidade das lavouras. A mudança climática pode reduzir o valor nutricional das lavouras, fazendo com que a subnutrição seja considerada por alguns pesquisadores como o maior impacto potencial da mudança climática na saúde neste
século.
Novas pesquisas sugerem que em um mundo mais quente o metabolismo dos insetos aumente, fazendo com que estes comam mais e aumentem as perdas nas lavouras.
Se o aquecimento global for limitado em 1,5°C:
- O aumento das temperaturas, a seca e os padrões climáticos instáveis ??têm sérias implicações para a produção global de alimentos. Cada grau de aumento da temperatura global reduz a produtividade global do trigo em 6,0%, a do arroz em 3,2%, a do milho em 7,4% e a da soja em 3,1%. Algumas regiões serão mais afetadas do que outras. Por exemplo, na África Ocidental, a produção de trigo pode cair em até 25% se a temperatura subir 1,5°C.
- A pesca também será afetada. Todos os anos, mais de 82 milhões de toneladas de peixe são pescados nos mares. Para cada grau de aquecimento, a pesca total poderia diminuir em 3 milhões de toneladas. O colapso dos recifes de coral, a acidificação dos oceanos ou a sobrepesca podem fazer este número subir ainda mais.
Se o aquecimento global chegar em 2°C:
- Haveria uma média de 25 milhões de pessoas desnutridas à mais em comparação com o aquecimento de 1,5°C até o final do século.
- Em Bangladesh, a redução dos estoques de peixes de água doce deve reduzir a segurança alimentar para a população mais pobre até meados do século, em comparação com o aquecimento de até 1,5°C.
- A redução da disponibilidade de água reduzirá a segurança alimentar para uma pequena, mas significativa parte da população que vive nas grandes bacias hidrográficas asiáticas até 2050, em comparação com o aquecimento de até 1,5°C.
- Um aumento de 2°C na temperatura pode levar a perdas de 213 milhões de toneladas de arroz, milho e trigo.
Se o aquecimento global ultrapassar os 3°C:
- Globalmente, os rendimentos agrícolas cairiam rapidamente ao passarmos de um para três graus de aquecimento. Quando as temperaturas locais atingem 3°C acima dos níveis pré-industriais, todas as lavouras são afetadas negativamente, onde quer que estejam no mundo, incluindo as regiões temperadas. Espécies de peixes são extintas localmente, com sérios impactos na pesca.
Escassez de água
80% da população mundial já está enfrentando
ameaças à sua segurança hídrica, incluindo disponibilidade de água, demanda por água e poluição. As populações que vivem em áreas baixas sofrem
maior risco de inundação e contaminação de suas fontes de água doce pela elevação do nível do mar e pela salinização do solo. Temperaturas mais altas das águas, aumento de chuvas e secas podem
aumentar a poluição da água e prejudicar a saúde humana.
A mudança climática está
pressionando ainda mais a segurança hídrica, alterando o ciclo hidrológico, assim como o aquecimento das camadas de geleiras e camadas de gelo estão impactando o suprimento de água doce. O Oriente Médio, a Índia, a Antártida e a Groenlândia estão enfrentando uma significativa perda de água doce.
Se o aquecimento global chegar a 2°C:
- Fortes chuvas aumentarão em toda a Europa e em todas as estações, exceto no verão do sul do continente. A quantidade de chuva que cairá no centro e norte da Europa no inverno pode aumentar em até 20%. Mas, ao mesmo tempo, a chuva poderá diminuir em 20% no centro e sul da Europa no verão. No geral, 8% da população mundial poderá enfrentar severa escassez de água.
Se o aquecimento chegar a 3°C ou mais:
- É provável que diminua a quantidade armazenada de água subterrânea. As águas subterrâneas abastecem cerca de um terço da água potável dos EUA, a maioria da Inglaterra e cerca de dois terços da Austrália.
- Em algumas partes da Austrália, um aumento de temperatura de 3°C provavelmente reduziria a recarga de águas subterrâneas pela metade até 2050 em relação aos níveis de 1990. Na Inglaterra, essa recarga (quando a água se desloca da superfície para o subsolo) pode cair 22% em relação aos níveis atuais até 2050.
- 43% das geleiras na Ásia que atualmente fornecem água para 800 milhões de pessoas que vivem na Índia, Paquistão, Afeganistão, China, Butão e Nepal podem perder-se.
- O número de pessoas em todo o mundo que vivem perto de fontes de água potável propensas a sofrer escassez de água pela primeira vez ou agravada pode aumentar 8% a 2 °C e 11% a 3,5 °C ao longo do século.
Doenças transmitidas por vetores
A mudança climática provoca mudanças na temperatura, precipitação e umidade, e como resultado, aumenta o risco de
transmissão de doenças. É esperado que a mudança climática
mude os padrões de doenças com algumas regiões enfrentando aumentos, enquanto outras podem ter reduções.
A malária, a dengue, a encefalite japonesa e a encefalite transmitida por carrapatos são
doenças infecciosas transmitidas por insetos que serão afetadas pela mudança climática. Mortes causadas por doenças transmitidas por vetores são, hoje,
300 vezes maiores nos países em desenvolvimento do que nos países desenvolvidos.
Com 3 °C de aquecimento:
- O número de pessoas em risco de pegar malária globalmente aumentará em cerca de 4%, em comparação se o aumento de temperatura permanecer abaixo de 2 °C.
Limitar o aumento de temperatura reduzirá o risco desses impactos
No
Acordo de Paris, os países ao redor do mundo concordaram em manter as temperaturas bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais e, definiram como objetivo, limitar a elevação da temperatura a 1,5°C. O mundo já se aqueceu em cerca de 1°C. Embora limitar o aquecimento a 1,5°C beneficie a saúde humana, não existe um
limite seguro para a mudança climática para a saúde humana.
Limitando o aquecimento a 1,5 °C:
- Limitar o aquecimento a 1,5°C trará maiores benefícios para a saúde humana do que 2°C, e maiores benefícios para os indivíduos em países em desenvolvimento.
- Cerca de 3 milhões de casos de dengue por ano na América Latina e no Caribe poderiam ser evitados, em comparação com um cenário sem políticas e com aquecimento de 3,7°C. (0,5 milhões por ano menos do que 2°C.)
- O número de pessoas em risco de malária pode ser pelo menos 150 milhões abaixo do número de pessoas em risco com aquecimento de 2 a 3°C.
- Haverá menos a poluição atmosférica local e regional, na medida em que as emissões de gases com efeito de estufa são reduzidas, proporcionando os maiores co-benefícios para a saúde decorrentes da limitação das mudanças climáticas. Este é um benefício tão grande que, em termos econômicos, poderia ser maior do que todo o custo de reduzir as emissões de carbono na maioria dos principais países emissores.
- A limitação do aumento da temperatura em 1,5°C, em comparação com os 2°C, pode evitar 153 milhões de mortes prematuras por poluição atmosférica em todo o mundo até 2100, cerca de 40% delas nos próximos 40 anos.
Além de restringir os impactos das mudanças climáticas, a redução das emissões de gases de efeito estufa proporcionará vários cobenefícios decorrentes do esforço de limitação da elevação da temperatura em 1,5oC.
O relatório especial do IPCC sobre o aquecimento global de 1,5oC mostra que os desafios para segurar o aquecimento neste nível são tremendos. Mas é interessante notar que o esforço gerará muitos cobenefícios. Alguns dos
mais importantes destes cobenefícios incluem a melhoria da saúde para muitas pessoas ao redor do mundo, maior segurança alimentar, proteção a zona pesqueiras, melhor segurança energética e mais crescimento econômico. O enfrentamento da mudança climática, também, pode trazer outras repercussões benéficas, como a melhoria da mobilidade urbana. Estes múltiplos benefícios podem
reduzir o custo global da mitigação da mudança do clima.
Pessoas mais saudáveis
A mudança climática
ameaça a saúde humana diretamente - mudando o clima, alterando a distribuição de doenças transmitidas por vetores e outras doenças infecciosas, e piorando a poluição do ar - e também indiretamente - causando desnutrição, piorando as condições de trabalho e provocando estresse mental.
A limitação do aquecimento global em 1,5°C evitaria por volta de
3,3 milhões de casos de dengue por ano na América Latina e no Caribe, em relação aos casos incidentes num cenário de aquecimento de 3,7°C; e reduziria
0,5 milhões de casos destas doenças por ano em relação ao cenário de 2°C de aquecimento.
Ao limitar o aquecimento a menos de 2°C, o número de pessoas em risco de malária pode ser
150 milhões menor em comparação a um cenário de aquecimento de entre 2 e 3°C. Para se ter uma ideia dos impactos econômicos da malária, estima-se que a doença custe hoje
US$ 12 bilhões anuais, só na África, em custos de assistência médica, perda de tempo de trabalho e de escola e perda de investimento e turismo.
De modo geral, a limitação do aquecimento global em 1,5°C trará maiores benefícios para a saúde humana do que no cenário de 2°C, particularmente para indivíduos dos
países em desenvolvimento.
No cenário 1,5
oC, os habitantes de regiões mais pobres podem ficar
menos vulneráveis à desnutrição resultante da redução da produção de alimentos, em comparação com níveis mais altos de aquecimento.
A ingestão global de alimentos per capita deverá ser maior num cenário de aquecimento de 1,5°C do que no cenário de 2°C. O número de pessoas subnutridas no mundo será
25 milhões menor até o final do século sob o aquecimento de 1,5°C do que sob o aquecimento de 2°C.
Comparando com a situação atual, a incidência de estresse por calor em megacidades como Lagos, na Nigéria, e Xangai, na China, pode ser reduzida à metade, com
350 milhões menos pessoas expostas ao calor mortal -
mais do que a população combinada do México e do Brasil.
Menos mortes por poluição do ar
A poluição do ar mata por volta de
sete milhões de pessoas por ano em todo o mundo.
Uma grande parte (95%) da população mundial vive em regiões com níveis de qualidade do ar tidos como saudáveis pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A mudança climática
piora a poluição troposférica por ozônio causadora de ataques de asma e outras doenças, e pode
enfraquecer os sistemas meteorológicos que limpam o ar poluído em áreas densamente povoadas.
A limitação do aquecimento em 1,5°C reduzirá
a poluição atmosférica local e regional, uma vez que as emissões de poluentes locais e gases de efeito estufa são reduzidas, proporcionando um grande cobenefício à saúde. Este benefício é tão grande que, em termos econômicos, pode ser até
maior do que o custo de redução das emissões de carbono na maioria dos principais países emissores.
A limitação do aumento da temperatura média global em 1,5°C, em comparação com sua limitação em 2°C, pode evitar
153 milhões de mortes prematuras provocadas pela poluição do ar em todo o mundo até 2100, e cerca de 40% destas nos próximos 40 anos.
Sob um cenário de emissões moderadas (
RCP4.5), no qual as temperaturas sobem entre 2 e 3°C até o final do século, uma média de 16.000 mortes causadas por partículas finas (PM2.5), e uma média de 8.000 mortes relacionadas ao ozônio poderiam ser evitadas apenas nos Estados Unidos em 2050.
Menos fome
O aumento das temperaturas, da seca e de eventos extremos prejudicará a produção de alimentos. Sem adaptação, cada grau de elevação da temperatura global poderia
reduzir a produção mundial de trigo em 6,0%, a de arroz em 3,2% e a de milho em 7,4%, e as mudanças climáticas também
podem reduzir os níveis de nutrientes nas lavouras. A seca em muitas regiões pode vir a
ameaçar a segurança alimentar. Mesmo um aumento de 2°C poderia
colocar mais 84 milhões de pessoas em situação de risco de fome até 2050.
A limitação do aquecimento em 1,5°C:
- Deixaria de expor
25 milhões de pessoas em todo o mundo à desnutrição até o final do século, em relação ao aquecimento de 2°C.
- Tornaria as principais regiões em desenvolvimento menos vulneráveis ??a uma queda de
10 a 15% no rendimento das lavouras até meados do século, quando comparado com o aquecimento de 2°C.
- Evitaria a exposição de
43 milhões de africanos ao risco da fome, também quando comparado ao aquecimento de 2°C
.
- Melhoria a disponibilidade de água e a segurança alimentar de uma pequena mas
significativa proporção da população de algumas bacias hidrográficas asiáticas, em comparação com os níveis mais altos de aumento de temperatura.
- Reduziria significativamente
os riscos para a produção de alimentos nas ilhas do Pacífico até o final do século.
- Os impactos das mudanças climáticas, como aumento do nível do mar, acidificação dos oceanos e eventos climáticos extremos, seriam menos frequentes e menos intensos, resultando em
processos estáveis ??de produção de alimentos.
Mais crescimento econômico
A mudança climática prejudicará a economia global. Mesmo um aquecimento de 2°C reduzirá o crescimento econômico em muitos países, especialmente o dos mais pobres.
A limitação do aquecimento global em 1,5°C:
-
Minimiza os danos econômicos adicionais provocados pelas mudanças climáticas.
- Reduz as
perdas econômicas globais; as perdas, com 1,5°C de aquecimento, são 0,14% menores do que com 2°C.
- Promove uma redução combinada dos danos econômicos resultantes dos impactos das mudanças climáticas e da
desigualdade global.
- Provavelmente reduz os danos econômicos projetados até 2100 para
90% da população mundial, particularmente nos países pobres da África, da Ásia e da América Latina.
Até 2100, o mundo poderia ser
3 % mais rico do que em um clima mais quente de 2°C.
- Economizaria até US$ 30 trilhões para as economias nacionais em benefícios cumulativos somados de hoje até o final do século.
Os impactos econômicos negativos das mudanças climáticas
recairão desproporcionalmente sobre os países mais pobres do mundo, mas o ônus econômico será menos desequilibrado se o aquecimento for limitado a 1,5°C. Manter o aquecimento a 1,5°C distribuiria mais uniformemente o custo da mudança climática entre as economias desenvolvidas e as em desenvolvimento.
No caso da mudança climática forçar uma transição mal administrada para uma economia de baixo carbono, é provável que a estabilidade da economia global seja ameaçada. Planejar a transição com cuidado - e realizá-la deliberadamente - proporciona as
melhores condições para a prosperidade econômica futura
Mais empregos
Como os combustíveis fósseis criam menos empregos do que as tecnologias de baixo carbono, a mudança para a energia limpa na escala necessária para segurarmos o aquecimento global em 1,5°C poderia criar oportunidades significativas de emprego.
Em todos os cenários futuros com mais energia renovável, a energia de biomassa, a energia hidrelétrica e a energia nuclear geram mais empregos
por unidade de energia do que os combustíveis fósseis e criarão empregos nas indústrias verdes.
Até 2050, pode dobrar a quantidade de postos de trabalho no setor de energia. Empregos em energia limpa também são de maior qualidade, e geralmente mais seguros e mais qualificados
.
Políticas para levar a um mundo de 1,5°C podem criar 68% mais empregos verdes (em manutenção, fabricação, construção e instalação de energia limpa) até 2030.
Uma economia verde global gerará menos empregos em indústrias intensivas em carbono, mas mais empregos em geral. Limitar as mudanças climáticas pode levar à perda de 6 milhões de empregos em indústrias intensivas em carbono até 2030, mas adicionar 24 milhões de empregos em novas indústrias, um aumento líquido de 18 milhões de empregos em setores que incluem energia limpa, veículos elétricos e construções sustentáveis.
Oceanos protegidos
A pesca e a aquicultura já estão ameaçadas pelo aquecimento e pela acidificação dos oceanos. Prevê-se que estes impactos piorem com o aumento da temperatura.
A limitação do aquecimento global em 1,5°C, comparada com a limitação do aquecimento em 2
oC
diminui os riscos para os criadouros e infraestruturas de aquicultura por conta do aumento do nível do mar e a pesca de pequena escala estará mais protegida, beneficiando milhões de pessoas que vivem em zonas costeiras tropicais. Gera, também, benefícios significativos para a pesca marinha que incluem o aumento do potencial de captura, especialmente nas regiões tropicais. As pessoas que dependem da pesca para o seu bem-estar estarão
menos vulneráveis a mudanças em sua renda, saúde e meio ambiente. Menos espécies de peixes serão extintas
.
Com a limitação do aquecimento em 1,5°C, a redução da pesca na região do Indo-Pacífico pode
ser metade da esperada devido às mudanças climáticas criadas pelo aquecimento que ocorrerá se forem seguidas as políticas atuais
.
A degradação severa e
colapso dos recifes de coral tropicais do mundo poderiam ser evitados. Se a temperatura subir para 2
oC,
praticamente todos os recifes de corais tropicais do mundo estarão em risco. Habitats de recifes de coral são responsáveis por entre
10% e 12% dos peixes capturados em países tropicais, e de 20% a 25% dos peixes capturados por países em desenvolvimento. Eles fornecem comida, renda e proteção contra tempestades para milhões de pessoas nas
áreas costeiras.
Viagens mais fáceis e mais limpas
Para limitar o aquecimento global em 1,5°C, serão necessários
100 milhões de veículos elétricos (VE) à mais, um aumento de 50 vezes da frota atual. Cada grupo de 82,5 milhões de VEs rodando, reduz a de demanda de petróleo em um milhão de barris por cada dia. No final de 2020, os VEs poderiam provocar o pico máximo de demanda de petróleo, a partir do qual a demanda cairá.
Os VEs poderiam melhorar significativamente a qualidade do ar urbano. Até 2050, as áreas urbanas terão mais 2,5 bilhões de pessoas, com 90% desse aumento ocorrendo na Ásia e na África.
Os VEs também aceleram a mudança para uma maior mobilidade, um aumento no compartilhamento de viagens e, talvez, até mesmo incentivam veículos autônomos de baixo carbono. Se os VEs se tornarem mais acessíveis, contribuirão para reduzir os custos de transporte e o congestionamento do tráfego rejuvenescendo os espaços urbanos.
Um mundo mais seguro
A limitação do aquecimento global em 1,5°C
limita os fatores que contribuem para a fome, a migração e o conflito entre os humanos - incluindo eventos climáticos extremos e suprimentos de água e alimentos menos seguros. As conexões entre mudanças climáticas, os conflitos humanos e migração forçada
são complexas. Mas mesmo a limitação do impacto do aquecimento na agricultura e na segurança alimentar,
ajuda a criar um mundo mais seguro. Para as empresas, esta limitação reduziria o risco provocado pelos impactos de eventos climáticos extremos que causam
grandes danos a edifícios, maquinas,
data-centers, redes de transporte e cadeias de abastecimento.
Fonte:
ClimaInfo