Os índios das etnias Manoki, Nambiquara e Paresi realizam a colheita de 2,2 mil hectares de soja convencional, em Campo Novo do Parecis, a 397 km de Cuiabá. Eles desenvolvem a agricultura nas terras indígenas há 15 anos e mais de 17 mil hectares são destinados ao plantio de grãos.
De acordo com o presidente da cooperativa indígena, Ronaldo Zokezomaiake, 95% do tratamento dos grãos são feitos sem o uso de agrotóxicos.
'Realizamos o tratamento biológico para tentar erradicar a questão química, pois temos cuidado com as questões ambientais', pontuou.
A mão de obra é dos próprios índios que trabalham na terra para garantir o sustento da família.
'Fico muito orgulho de nós índios conseguirmos trabalhar dentro da própria terra', ressaltou o encarregado da área, Jucinei Ozoizaece.
Para o operador de máquina Cleomar Azonazokae, de 23 anos, o trabalho que eles realizam na região é importante, pois não precisam buscar trabalhos fora de suas terras.
'É um prazer enorme de poder trabalhar com as máquinas e mostrar para o nosso povo do que somos capazes', disse.
A venda
Os grãos colhidos na região são destinados às multinacionais para que seja realizado a exportação do produto.
No entanto, os índios não conseguem fazer a venda direta, pois não possuem o licenciamento ambiental nas áreas de cultivo. Com isso, eles realizaram uma parceria com os fornecedores de insumos, que passaram a ser os responsáveis pela negociação.
Os índios compram os insumos, fornecem o maquinário e a mão de obra e, em troca, recebem o valor total do lucro.
A cada saca de 60 kg, eles recebem R$ 63. Para os produtores, esse valor poderia ser maior se eles tivessem autonomia para explorar as próprias terras.
'É necessário um licenciamento. Estamos tentando resolver junto aos órgãos do governo e logo poderemos ter a origem do nosso produto e comercializar direto com os armazéns', explicou o presidente.
Fonte: G1