Cenário apresentado por pesquisa de 96 cientistas de 50 organizações internacionais confirma previsão de que 40 milhões de pessoas poderão passar por inundações costeiras até 2100
A Groenlândia passa por um degelo 7 vezes mais rápido do que o ocorrido na década de 1990. A conclusão é de um estudo feito em uma parceria por 96 cientistas de 50 organizações internacionais. Os resultados foram publicados pela "Nature" nesta terça-feira (10).
Principais resultados:
Cenário confirma previsão do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de que mais de 40 milhões poderão ser afetadas por inundações costeiras;
Desde 1992, a Groenlândia perdeu 3,9 trilhões de toneladas de gelo, o suficiente para elevar o nível do mar em 10,6 milímetros no planeta;
A taxa de perda de gelo aumentou de 33 bilhões de toneladas por ano na década de 90 para 254 bilhões por ano nos últimos dez anos;
O recorde da década ocorreu em 2011, com 335 bilhões de toneladas perdidas de gelo. Os dados de 2019 ainda não estão fechados, mas podem estabelecer um novo recorde.
A pesquisa foi liderada pelo pesquisador Andrew Shepherd, da Universidade Leeds, e pelo diretor do Laboratório de Propulsão a Jato da agência espacial americana (Nasa), Erik Ivins.
A Agência Espacial Europeia (ESA) também apoiou o estudo, um dos maiores já feitos sobre a situação do gelo na Groenlândia.
"Como regra geral, para cada centímetro a mais no nível global do mar, outras seis milhões de pessoas são expostas às inundações costeiras ao redor do mundo", disse Shepherd.
A equipe de cientistas reuniu e analisou 26 diferentes pesquisas científicas com cálculos de mudanças nas placas de gelo na região entre os anos de 1992 e 2018. Além disso, usou um modelo matemático e chegou à conclusão de que as perdas estão relacionadas ao derretimento da superfície à medida que a temperatura aumenta ano a ano.
COP 25
Até o próximo dia 13, a Organização das Nações Unidas (ONU) reúne líderes mundiais na COP 25, a Conferência do Clima, em Madri. Participam representantes de quase 200 países, totalizando quase 29 mil pessoas. O evento adotou o slogan "Hora da Ação" (Time for Action). Desde 2015, quando foi assinado um grande acordo climático global, o Acordo de Paris, as conferências do clima anuais têm se dedicado a como colocá-lo em prática.
O que está em jogo:
A próxima década é um momento crítico para evitar a catástrofe climática. No Acordo de Paris, o compromisso assumido foi de manter o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis da era pré-industrial até o fim do século – o mundo já está, em média, 1,1ºC mais quente. Estudos recentes da ONU dizem que a meta precisa ser ainda mais rígida.
A concentração dos principais gases do efeito estufa na atmosfera alcançou um recorde em 2018. Caso as emissões não sejam reduzidas em mais de 7% ao ano, o mundo caminha para um aumento de temperatura de 3,2ºC. Impactos são imprevisíveis.
Os dois maiores emissores de gases, Estados Unidos e China, apresentam posicionamento dúbio. O presidente Donald Trump anunciou a saída do Acordo de Paris, adotado em 2015. A China vem assumindo discurso mais favorável ao combate ao aquecimento global, mas, na prática, constrói mais usinas de carvão.
Em Paris, 70 países se comprometerem a neutralizar emissões até 2050 – mas não os maiores emissores de gases. Isso significa que esses 70 países prometeram equilibrar as emissões de carbono com tecnologias de captura de gases ou plantando árvores, por exemplo, e atingir "emissões zero".
Compromissos assumidos, no entanto, são voluntários. A ONU não tem mecanismos que obriguem os países a cumprirem as promessas assumidas no Acordo de Paris.
A COP 25 é a última conferência do clima antes da década de 2020. Restam dúvidas sobre como realizar a transição para energias limpas e, mais do que isso, como financiar esse processo.
O ministro brasileiro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, cobrou recursos de países ricos na COP 25 para preservação do meio ambiente no Brasil. O Acordo de Paris prevê contribuições voluntárias dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento por meio de um fundo. No entanto, isso ocorre num momento em que a pauta ambiental do país vem sendo questionada: a Amazônia registra aumento no desmatamento e manchas de óleo atingem centenas de praias brasileiras, sem um culpado ou origem do óleo identificados.
O mercado de créditos de carbono atualmente funciona somente a partir de acordos entre empresas e governos, pois o sistema ainda não foi completamente implementado. Isso também será discutido na COP 25. Além disso, está previsto debater as operações de um fundo de US$ 100 bilhões para iniciativas de financiamento entre países.
Fonte: G1
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