Aumentar a produção agrícola mantendo a qualidade dos produtos, reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) na agropecuária e, ao mesmo tempo, preservar a maior biodiversidade do planeta. Esse panorama foi apresentado pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, na Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-22), que se realiza nesta semana, em Marrakesh, Marrocos, para debater a aplicação do Acordo de Paris. O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Antônio Lopes, também faz parte da comitiva brasileira na COP-22.
Maggi acredita que o Brasil é capaz de responder a grandes desafios mundiais apresentados pela ONU, como o aumento da produção de alimentos para uma população mundial crescente, a adaptação de sistemas produtivos e a redução dos gases de efeito estufa. O Ministério da Agricultura prevê que o setor agropecuário nacional deverá alcançar a redução de emissões de CO2 em 0,9 gigatoneladas, entre de 2005 e 2030.
Os resultados ambientais do setor agropecuário nacional se devem, especialmente, ao Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC). Coordenado pelo Mapa, o plano visa a práticas sustentáveis que reduzem emissões e retêm carbono por meio da recuperação de pastagens degradadas, do plantio direto na palha, do plantio de florestas e da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). As áreas produtivas com sistema integrado somam 11,5 milhões de hectares no País, de acordo com pesquisa patrocinada pela Rede de Fomento de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e realizada pelo Kleffmann Group com acompanhamento técnico da Embrapa.
A comitiva brasileira frisou que as áreas de preservação em propriedades rurais brasileiras correspondem aos territórios da França e da Noruega juntos. Por conta do cumprimento de regras ambientais rigorosas, o ministro da Agricultura defendeu que os produtos agrícolas brasileiros tenham preferência no mercado global.
Entre as metas assumidas pelo Brasil na COP-21 até o ano de 2030, o setor agrícola se propôs a contribuir com a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens, aumentar em 5 milhões de hectares os sistemas de produção integrada e fornecer matérias-primas para biocombustíveis como etanol e biodiesel, que deverão responder por 18% do consumo energético nacional em 2030. O País tem se colocado na conferência como ator-chave na produção sustentável de alimentos e em produção de serviços ambientais.
"Somando-se as metas voluntárias assumidas anteriormente com o compromisso ratificado pelo País por meio da NDC (Proposta do Observatório do Clima para a Contribuição Nacionalmente Determinada), o Brasil se compromete a trabalhar 55,5 milhões de hectares e mais 12 milhões para recuperação e recomposição de florestas, o que representa mais de um quarto de todas as terras usadas pela agropecuária. Nenhum outro país assumiu proposta tão audaciosa", ressaltou o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Celso Manzatto, coordenador da Plataforma ABC, iniciativa multi-institucional para monitorar a adoção de tecnologias de Baixa Emissão de Carbono na agropecuária.
Para Manzatto, a plataforma é uma valiosa iniciativa, tanto para validar os resultados alcançados e gerar dados para certificação de produtos agropecuários sustentáveis quanto como ferramenta para disseminar essas tecnologias. Para o presidente da Embrapa, o Brasil concentra todas as condições para se tornar líder mundial em intensificação baseada em tecnologias "poupa-recursos", de baixa emissão de carbono e em ganhos na produtividade da terra. De acordo com Maurício Lopes, o País é um dos poucos do mundo com grandes extensões de terra com aptidão para uso sustentável.
Fonte: Jornal do Comércio