O Brasil deverá - finalmente - assumir a liderança do mercado global de soja na próxima temporada agrícola. Ao menos, é isso o que apontam as primeiras projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para a safra 2019/20. Os números foram divulgados na edição de maio do relatório de oleaginosas publicado nessa sexta-feira (10).
Segundo o documento, depois de enfrentar uma temporada 2018/19 cheia de percalços climáticos, a sojicultura brasileira vai se recuperar e atingir a marca inédita de 123 milhões de toneladas colhidas.
Com isso, a produção crescerá 5,1% em relação à safra atual - que o USDA estima em 117 milhões de toneladas - e abrirá uma vantagem de 1 milhão de toneladas sobre o recorde anterior registrado no ciclo 2017/18.
Passo atrás
Enquanto os sojicultores brasileiros aceleram, os dos Estados Unidos deverão pisar no freio.
Segundo o USDA, a produção norte-americana - recém-saída de um recorde de 123,6 milhões de toneladas - amargará uma contração 8,7% na produção da temporada. A projeção é que sejam colhidas pouco mais de 112,9 milhões de toneladas de soja.
No total, produção mundial de soja deverá atingir a marca de 355,6 milhões de toneladas. Cerca de 1,8% menos que os 362,1 que devem chegar ao mercado este ano.
Maior exportador
Nas contas do USDA, o Brasil deverá exportar um pouco menos de soja em grão no próximo ano. A projeção é que os embarques somem 75 milhões de toneladas, cerca de 4,4% menos do que os 78,5 milhões de toneladas estimadas para este ano.
O volume representa pouco menos da metade da demanda mundial pela oleaginosa durante o período que deverá ser de 150,8 milhões de toneladas.
Já o mercado interno brasileiro de esmagamento deverá absorver 43,7 milhões de toneladas - 2,4% mais do que a quantidade esperada para este ano.
Liderança retrospectiva
Essa não é a primeira vez que o USDA prevê que o Brasil vai assumir a liderança do mercado global da oleaginosa. No primeiro relatório da safra 2018/19, o órgão do governo norte-americano apontava que a produção nacional superaria a norte-americana.
A vantagem - de meio milhão de toneladas - que o USDA via então era, no entanto, bem mais magra do que as atuais 10 milhões de toneladas.
Também pode não ser exatamente a primeira vez que o Brasil assume a dianteira do mercado. Nos últimos meses, o USDA revisou para cima os números da produção brasileira na safra 2017/18.
Até novembro passado, o número atribuído ao Brasil era de 119,8 milhões de toneladas. Praticamente empatado com os 120 milhões de toneladas colhidos pelos EUA naquele ciclo.
De lá para cá, no entanto, o número atribuído à produção brasileira passou por três aumentos enquanto o da produção dos EUA foi mantido. Em dezembro chegamos a 120,3 milhões de toneladas; em fevereiro em 120,8 milhões de toneladas; até que, em abril, atingimos os atuais 122 milhões de toneladas.
Vale registrar que a quantidade atribuída pelo USDA à produção nacional de soja na safra 2017/18 é consideravelmente maior que os 119.3 milhões de toneladas registrados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Fonte:
BiodieselBR