Medida que proíbe o comércio do grão produzido em áreas desmatadas é divulgada na 22ª Conferência das Partes
O pioneirismo brasileiro na produção de soja aliada à conservação florestal poderá influenciar a agenda internacional. A delegação brasileira apresentou nesta quinta-feira (10), no Espaço Brasil da 22ª Conferência das Partes (COP 22) em Marrakech, Marrocos, os resultados dos 10 anos da moratória da soja.
Defendida pelo ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, a iniciativa tem ampla adesão do setor produtivo e proíbe o comércio do grão que tenha sido cultivado em áreas desmatadas da Amazônia. Atualmente, são monitorados 87 municípios correspondentes a 98% da soja produzida na Floresta Amazônica.
O estrategista sênior de florestas do Greenpeace, Paulo Adário, afirmou que a medida contribui para o esforço global de conter o aquecimento do planeta, em pauta na COP 22. 'Não há espaço para desmatamento em um mundo que busca limitar o aumento da temperatura em 1.5ºC', explica.
Para Sarney Filho, a iniciativa deve ser estendida ao Cerrado. Na abertura de um seminário promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), em outubro deste ano, o ministro propôs que os produtores adotem uma medida nesses mesmo moldes para o Cerrado. Segundo ele, desde que foi adotada na Amazônia, a moratória fez triplicar a área de produção da soja na região, o que confirma ser possível cultivar o grão sem desmatar.
Debates
Com o objetivo de divulgar as políticas ambientais brasileiras para o mundo, o Espaço Brasil na COP 22 promoverá debates com o setor público e privado e com a sociedade civil. Nesta quinta-feira (10), o local recebeu a visita do ministro do Meio Ambiente do Sudão, Hassan Abdel-Gadir Hilal, que participou de apresentação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre financiamento da agricultura de baixo carbono. Também foram discutidas, no local, estratégias empresariais de adaptação à mudança do clima.
O Espaço Brasil é uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente (MMA) em parceria com o Ministério das Relações Exteriores, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e a Agência Nacional de Águas (ANA). A programação vai até o próximo dia 18, com a participação de representantes de diversos órgãos do governo federal e de instituições como o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC).
COP 22
A COP 22 ocorre em Marrakech até o dia 18 de novembro com o objetivo de regulamentar os detalhes acerca do Acordo de Paris. Esse pacto representa um esforço de mais de 190 países para conter as emissões de gases de efeito estufa e, com isso, limitar o aumento da temperatura a média global a bem abaixo de 2ºC.
Para isso, cada país apresentou metas voluntárias para implementação em seus próprios territórios. Considerada uma das mais ambiciosas, a meta brasileira é reduzir em 37% as emissões até 2025, com indicativo de chegar a 43% em 2030.
Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério do Meio Ambiente