Depois de nove anos consecutivos de redução, associação ambientalista pede mudança de políticas na produção elétrica e nos transportes
A Zero, Associação Sistema Terrestre Sustentável, organização ambiental com sede em Portugal, alertou hoje (03) para o aumento de 7% das emissões de gases de efeito estufa no país em 2015, depois de uma redução nos nove anos anteriores, e defendeu a mudança de políticas na produção elétrica e de transportes.
'Infelizmente, apesar das sucessivas diminuições nas emissões desde 2005, ano passado tivemos um aumento de 7% nesse volume. Havia uma tendência muito clara de decréscimo que, entre 2013 e 2014 já mostrava um desgaste, resultando numa clara inversão da tendência', disse Francisco Ferreira, presidente da Zero, à agência Lusa de Notícias.
O ano de 2015 foi seco, com fraca produção de eletricidade nas barragens, o país teve de recorrer às centrais térmicas e, por razões de custo, foram utilizadas as com maiores índices de emissões, as centrais a carvão de Sines e do Pego, ressaltou Ferreira.
A preocupação da Zero começou ao analisar os dados divulgados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Desde 2005, o país estava reduzindo as suas emissões a um ritmo médio de 3,4% por ano, já entre 2013 e 2014 o volume ficou abaixo dos 1%.
Além do comportamento na produção de eletricidade, no setor rodoviário, no mesmo período, registrou-se um aumento de 1%, nas emissões, 'principalmente à custa da percepção de uma melhoria da situação econômica e da maior utilização dos automóveis', ressaltou Ferreira.
Quanto às implicações deste desempenho para os compromissos de Portugal na luta contra as alterações climáticas, no que diz respeito a meta para 2020, 'não estamos muito longe do nosso objetivo, portanto, esses dados não chegam a ser um problema', defendeu o presidente da Zero.
Em relação a 2030, o compromisso nacional é de uma descida na ordem dos 30 a 40% em relação a 2005. 'Estamos com uma redução de 20% e ainda nos faltam 15 anos, não nos parece que estejamos com problemas, devíamos até ser mais ambiciosos', apontou.
No âmbito do Acordo de Paris, Portugal comprometeu-se a ser neutro em carbono em 2050, para o que é importante o país ser resiliente às variações do clima, como aconteceu em 2015, com a menor precipitação.
Francisco Ferreira recordou que é necessário ter formas de enfrentar as consequências das alterações climáticas, por exemplo, de um decréscimo da quantidade de chuva, de 10% no norte e de 40% no sul, como a aposta nas energias renováveis, no transporte público, principalmente ferroviário, para passageiros e mercadorias, e na descarbonização dos transportes.
No comunicado oficial, a
Zero salientou ser 'fundamental a alteração, desde já, de várias políticas de energia e clima, particularmente nos setores de produção de energia elétrica e dos transportes, reforçando algumas medidas que garantam que Portugal continue na sua trajetória decrescente'.
Entre as propostas para esta mudança estão ainda o reforço das metas de produção de energia solar para eletricidade e água quente, o encerramento da central a carvão de Sines o mais rápido possível ou o investimento na reabilitação urbana, com destaque para a eficiência energética.
Os ambientalistas explicaram que os principais fatores que levaram à redução das emissões até 2014 tinham sido a crise econômica e os investimentos na produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, nos últimos 15 anos.
Fonte: Portal DNoticias