A CEPREB, associação que representa o setor de pequenos e médios produtores, garante a capacidade para atender o aumento dessa demanda. A sugestão é para que o combustível renovável seja utilizado também como recurso na geração de eletricidade
A produção de biodiesel na Argentina experimentou um
verdadeiro salto durante
2016 . De acordo com o Ministério da Energia do país, o volume alcançou os
2,7 milhões de toneladas, um aumento de
50% em relação aos níveis de 2015 e o registro mais alto desde que o país foi alçado a um dos maiores players mundiais.
No entanto, o
crescimento é explicado, principalmente, pelo
aumento em
exportações ao mercado americano
. As vendas mundiais quase
duplicaram em relação a 2015 alcançando
1,6 milhão de toneladas. Já o mercado interno consumiu o restante ,
1,1 milhão, volume que tem se mantido relativamente
estável nos últimos anos.
As vendas no mercado interno são
reguladas pela
Lei 26.093 , que recentemente comemorou uma década e que foi fundamental para
impulsionar a
produção desta renovável. Inicialmente, a mistura de biodiesel foi de
5% alcançando a proporção
de
10% a partir de 2014, o que acabou
acelerando projetos de
investimento e, consequentemente, promoveu um
aumento nos níveis de
produção.
Atualmente, existem no país
26 empresas PME que estão envolvidas no desenvolvimento do biodiesel. Desse total, 17 são de médio e 9 são de pequeno porte. Neste contexto, a
Cámara de Empresas Pymes Regionales Elaboradoras de Biodiesel (
CEPREB ) assegurou que o setor está em
boas condições para responder a uma
extensão da mistura de
10% a 12% , como já aconteceu com o bioetanol, que na Argentina é feito a partir de milho e cana-de-açúcar. Em 2016, os produtores de
bioetanol (combustível alternativo para motores a gasolina) receberam um
impulso fundamental do governo, quando houve o aumento de mistura em dois pontos, atingindo a proporção de
12%.
Neste contexto, a
CEPREB assegura que
os processadores de
biodiesel serão capazes de fornecer o
volume para cobrir essa demanda que implicaria na expansão da produção em cerca de
250.000 toneladas por ano.
"Ainda contamos com alguma capacidade ociosa nas empresas. Portanto, em um aumento de mistura, nós teremos
a capacidade de
resposta imediata", disse Leonardo Nicolini, vice-presidente de CEPREB, em diálogo com
iProfesional . "Nos numerosos testes realizados a nível nacional e internacional demonstrou-se que não há nenhum impacto sobre os motores diesel. Na verdade, podemos propor adições até
maiores", acrescentou.
Uma oportunidade para fortalecer a matriz energética
As energias renováveis tornaram-se uma das marcas da
gestão de
Macri que, tem buscado
diversificar a
matriz energética e reduzir a dependência de combustíveis importados pelo país. Na verdade, os especialistas dizem que, de acordo com o incentivo governamental, a projetos de geração de energia (principalmente energia solar e eólica), o a Argentina deve investir cerca de
US$ 6 bilhões ao longo dos próximos dois anos.
A
CEPREB garante que o
biodiesel tem todas as qualidades para
se tornar um setor
estratégico dentro deste
plano . Não só através do "
bio " que é adicionado ao combustível fóssil mas, também na geração de
eletricidade. "O
biodiesel é um recurso
interessante cuja utilização pode
ir além de o estipulado pela Lei 26.093 , " disse Nicolini.
"Muitas
plantas, que operam a partir de
combustíveis fósseis, poderiam tranquilamente começar a utilizar a mistura em seus próprios geradores provendo suas necessidades de consumo".
Nicolini explicou que
acordos entre
produtores e proprietários da rede de transportes públicos e privados (ônibus, caminhões) para que eles pudessem adicionar, por opção, uma maior proporção de "bio" poderiam ser firmados.
"O
mais importante seria
satisfazer as
condições para a indústria de
biodiesel, como as que foram feitas aos produtores de
bioetanol. Seria muito importante abrir todas as alternativas, porque demandaria mais investimentos e, consequentemente, mais postos de trabalho", finalizou.
"Efeito de transbordamento"
Ao analisar os benefícios do biodiesel, especialistas CEPREB apontaram todas as variáveis que "trabalham" a seu favor:
-Impacto Positivo na economia regional: empresas nucleadas a CEPREB têm fábricas localizadas na província de Buenos Aires, Santiago del Estero, Entre Rios, San Luis, Neuquén, Santa Fé e La Pampa. As indústrias geram direta e indiretamente
3.500 empregos . Na prática, significa que o setor não só contrata diretamente, mas promove toda a cadeia agregando valor na fonte. Cada planta de biodiesel não precisa só de técnicos e operadores, mas de Logística, TI, metalúrgica, serviços, só para citar alguns setores beneficiados.
-Complementa e dá mais valor para a cadeia de soja: para gerar biodiesel, é usada uma pequena fração do grão de soja, ou melhor dizendo, do óleo resultante de seu esmagamento. Dependendo do método de extração, cada tonelada de soja gera entre
12% e 18% de óleo.
Os
80% restantes tornam-se farelo. Isto é, um alimento com teor muito elevado de proteína, que serve tanto como um alimento direto, ou indireto, quando é convertido em proteína animal. Portanto, a CEPREB argumenta que, quanto mais
energia, a partir de grãos, for produzida e consumida, mais
alimentos serão gerados na Argentina.
-Amigável para o meio ambiente: desde 2008, quando foi implementada a mistura obrigatória, tivemos o consumo de
5,7 milhões de toneladas de biodiesel no país. Com base em um estudo promovido por empresas do setor de biodiesel no Brasil, concluiu-se que foram evitadas as emissões de
10 milhões de toneladas de CO² para a atmosfera no mesmo período. Isso seria o mesmo que plantar
73,2 milhões de árvores em uma área doze vezes maior que a área ocupada pela cidade de
Buenos Aires, por exemplo
.
"O biodiesel demonstra que
os seus efeitos positivos, econômicos ,
sociais e
ambientais, o transformam em um passo estratégico para
impulsionar as economias regionais e fortalecer a matriz energética do país", ressalta Nicolini.
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Fonte: Iprofessional