Trump deve decidir se a administração americana avança com sanções contra a produção Argentina já na próxima semana.
O
biodiesel argentino, produzido em sua maioria a partir da soja, vem enfrentando uma briga nas últimas semanas por conta de alegações de dumping. O processo acertou em cheio as exportações e já causou prejuízos milionários ao país e aos produtores.
Na semana passada, durante a visita oficial do presidente Mauricio Macri a Casa Branca, os ministros da área econômica trouxeram o compromisso da administração Donald Trump para desbloquear a entrada de outros produtos argentinos no país (no caso, limões). Quando o assunto foi biodiesel, as autoridades norte-americanas informaram apenas que, devido a investigação em curso solicitada pelo National Biodiesel Board (NBB), uma comissão independente deverá definir sobre o tema.
No final de março, a NBB alegou que as exportações argentinas entram no país a preços de dumping (inferiores ao valor de mercado) e acusou o governo argentino de subsidiar a produção local. O Departamento de Comércio e a Comissão de Comércio Internacional decidiram então por implantar uma investigação.
De acordo com o Governo e fontes do setor privado, na segunda-feira (8), o comitê de investigação vai definir se rejeita a acusação ou avança para uma pesquisa mais profunda. Se isso acontecer, os Estados Unidos podem adotar barreiras tarifárias temporárias, o que prejudicaria ainda mais a exportação do produto argentino.
Ano passado, praticamente todas as remessas estrangeiras de combustível renovável foram para os Estados Unidos: cerca de 1,5 milhão das 1,63 milhão de toneladas exportadas. Mesmo com a investigação em curso, sem sanções contra a Argentina, as vendas para o país congelaram. Os embarques ocorrem devido a contratos celebrados anteriormente.
As empresas locais e as multinacionais, com fábricas no país, têm apoiado a defesa de que o biodiesel argentino não recebe incentivos. "Estamos confiantes de nossos argumentos e de que o nosso produto atende o mercado americano e suas exigências" disse Luis Zubizarreta , presidente da Câmara Argentina de Biocombustíveis (Carbio).
De acordo com os exportadores, os argumentos da NBB (grupo formado por pequenas empresas e grande produtores que não operam na Argentina), são semelhantes aos que foram utilizados anos atrás pela União Europeia para conter a entrada do produto argentino.
Em 2013, as barreiras tarifárias da Comunidade Europeia impediram que o biodiesel local entrasse no bloco. Contudo, após anos de embargo, a Argentina ganhou os processos judiciais perante a Organização Mundial do Comércio (OMC) e do Tribunal Europeu em meados de outubro passado.
De qualquer forma, a peleja ainda não terminou. De acordo com a Carbio, a expectativa é que a Argentina volte a exportar biodiesel para a Europa apenas no quarto trimestre deste ano, cerca de quatro anos após uma paralisação que custou caro ao setor.
Se o processo americano seguir esse curso, será uma longa temporada de portas fechadas e tanque seco para a Argentina.
Fonte: Esteban Rafele - Portal Biodiesel Argentina, com adaptações Aprobio