Mais de 410 partes por milhão de moléculas de ar. É um novo marco, uma nova atmosfera a que teremos de nos habituar e que tem feito com que o nosso clima se altere a um ritmo muito acelerado. Mas isso não é nada que os cientistas não tenham previsto.
As concentrações de dióxido de carbono têm subido de forma vertiginosa nos últimos dois anos. E a culpa é de fenômenos como o El Niño. Mas só em parte. Aliás, o fenômeno da oscilação das temperaturas no oceano Pacífico - responsável pela regulação do clima - só justifica uma ínfima parte do problema.
Na verdade, este aumento do CO2 é sobretudo impulsionado pelas quantidades recorde de dióxido de carbono que a Humanidade gera a partir da queima de combustíveis fósseis. Os cientistas insistem que esta subida diminuirá quando as emissões poluentes também diminuírem. Isso é mais do que óbvio. Mas cortar essas emissões para metade é o maior desafio de todos.
Se o mundo fosse vegetariano, haveria menos de metade das emissões de CO2. E mesmo assim, não seria possível evitar danos permanentes.
Porquê? Porque, ainda que as concentrações de dióxido de carbono parassem de aumentar, os impactos das mudanças climáticas vão estender-se ao longo dos séculos por diante. O planeta já aqueceu 1° C, fruto de 627 meses consecutivos de calor acima do normal.
O nível do mar já aumentou cerca de 30 centímetros e o calor extremo é um fenómeno cada vez mais comum.
Dito isto, temos uma de duas escolhas: podemos assobiar para o lado e fazer de conta que nada disto é verdade. Ou podemos mudar, mesmo sabendo que há efeitos que são já inevitáveis.
Especialistas da revista Scientific American alertam que cabe a nós mesmos escolher o quão intensos serão os efeitos das alterações climáticas. E isso depende da nossa vontade para deixar de poluir. Ou, pelo menos, de reduzir de forma muito significativa os níveis de poluição atmosférica.
Caso contrário, estaremos a caminhar a passos largos para um quadro climático extremo na segunda metade deste século. Algo nunca visto em 50 milhões de anos.