O consumo de biodiesel no Brasil segue em alta e já totalizou 4,5 milhões de metros cúbicos no primeiro semestre de 2025, o que representa um crescimento de 6,2% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram consumidos 4,26 milhões de metros cúbicos.
Segundo o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Leonardo Rossetti, o país tem se posicionado como protagonista na adoção de biocombustíveis. “O Brasil tem buscado ser uma das lideranças no avanço do uso de biocombustíveis. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) estabeleceu em 2023 um cronograma de aumentos da mistura obrigatória que, a princípio, previa aumentos graduais da mistura até 15% em março de 2026, com espaço para um possível avanço até 20% ao longo dos anos seguintes”, afirma.
Mesmo com alterações neste cronograma, o avanço foi significativo. “O aumento de dois pontos percentuais para o B14, sigla para mistura de 14% de biodiesel no diesel comum, no ano passado, junto do B15, sigla para a mistura de 15% de biodiesel no diesel, neste ano, junto da crescente evolução do consumo do diesel B (que já é o combustível fóssil misturado com o biodiesel), propiciaram recordes na demanda de biodiesel em 2023, em 2024 e que deve levar a um novo recorde em 2025”, explica Rossetti.
Atualmente, o óleo de soja responde por mais de 80% de toda a matéria-prima usada na produção de biodiesel no Brasil. “No entanto, ainda que em volumes muito menores, também são usados outros insumos como o sebo bovino, gordura de porco, óleo de palma, óleo de milho ou o óleo de fritura usado”, pontua o analista.
O aumento do uso desse biocombustível tem trazido reflexos positivos para a cadeia produtiva. “O crescimento do uso de biodiesel tem se destacado pelo valor agregado que proporciona a toda a cadeia produtiva da soja, desde a indústria de esmagamento até os produtores rurais. Historicamente, o óleo de soja sempre foi considerado um subproduto do processo de esmagamento, sendo o farelo a principal fonte de receita para os processadores. No entanto, com a expansão do mercado de biodiesel e o consequente aumento da demanda por óleo, esse derivado tem ganhado protagonismo crescente no setor”, diz Rossetti.
Segundo ele, a nova dinâmica “impulsiona a demanda doméstica por óleo de soja, o que, por sua vez, estimula a demanda interna por grãos de soja. O resultado é um ambiente de mercado mais favorável ao produtor rural, que passa a depender menos das oscilações da demanda internacional, valorizando mais o seu produto e reduzindo sua exposição à volatilidade dos mercados globais”.
O setor também vem registrando crescimento expressivo no faturamento. “Segundo o estudo mais recente publicado em conjunto pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abioive), o PIB do setor de biodiesel no 1º trimestre de 2025 foi de R$17,8 bilhões. O valor representa uma evolução de 67% em relação ao 1º trimestre de 2024, impulsionada pelos melhores volumes e preços mais elevados”, afirma Rossetti.
Além do impacto econômico, o biodiesel contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa. “O biodiesel contribui para a redução de emissões principalmente por diminuir a queima de combustíveis fósseis. No caso do diesel B, combustível amplamente utilizado pela frota de veículos pesados no Brasil, o combustível é composto por uma mistura entre o diesel fóssil (diesel A) e o biodiesel. Nesse sentido, quanto maior a mistura obrigatória do biodiesel, mais ele diminui o uso do diesel fóssil no consumo nacional”, explica Rossetti. Ele ressalta ainda que “na sua etapa de produção, o biodiesel também apresenta menores níveis de emissão em relação à cadeia do diesel fóssil”.
Hoje, o biodiesel é quase totalmente utilizado na mistura com o diesel fóssil. “Existem também algumas máquinas agrícolas e alguns veículos que foram projetados para funcionarem com 100% de biodiesel, mas estes representam uma parcela muito pequena no que diz respeito ao consumo total do Brasil”, conclui o analista.
Fonte: Rede Globo