O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, disse nesta segunda (19/5) que vai trabalhar com a Petrobras para inserir as petroleiras nas discussões da cúpula climática sediada pelo Brasil este ano. “Não teremos respostas adequadas à transição se não estivermos todos unidos”, justificou.
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas está marcada para novembro, em Belém (PA) e ocorre em meio a uma campanha da Petrobras e do governo brasileiro para exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas, uma das áreas abarcadas pela Margem Equatorial.
“Os combustíveis fósseis são um tema central para a COP e a presidência brasileira decidiu que isso precisa ser tratado de uma forma muito direta”, discursou o embaixador durante a abertura da reunião ministerial do Brics de Energia nesta manhã.
O presidente da COP30 disse que se reuniu com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, na última semana, para tratar do assunto.
“Eu pedi à presidente da Petrobras, considerando que o Brasil agora é um produtor e exportador de óleo muito relevante, que precisamos falar sobre isso de uma forma muito aberta durante a COP, e nós iremos trabalhar com a Petrobras para ter as grandes companhias de óleo discutindo”, afirmou.
“Reconhecemos que os combustíveis fósseis continuarão a desempenhar um papel importante na matriz energética mundial, particularmente para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento”.
Essa é a mensagem que os ministros de Energia do Brics, sob a presidência brasileira, divulgaram em comunicado conjunto (.pdf) nesta segunda.
“E reconhecemos a necessidade de promover transições energéticas justas, ordenadas e equitativas e reduzir as emissões de GEE em conformidade com o ODS 7, as nossas metas climáticas e de acordo com os princípios da neutralidade tecnológica e das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e respectivas capacidades, tendo em conta as circunstâncias, necessidades e prioridades nacionais”, continua o quarto parágrafo do documento.
Uma mensagem, que segundo o presidente da COP30, “constrói confiança” para o grupo influenciar as negociações na cúpula de novembro.
“Energia e mudança climática estão muito ligadas. (…) envolve mais de 70% das emissões globais. Nós temos que passar por isso de uma forma muito construtiva e acreditamos que o Global Stocktake (GST) é uma ótima base”, comentou Corrêa do Lago na reunião desta manhã.
O GST é um mecanismo criado pelo Acordo de Paris para avaliar o progresso coletivo em direção à meta de limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C.
A transição para longe dos combustíveis fósseis é parte das estratégias acordadas em 2023 para alcançar esse objetivo.
Mas os últimos movimentos econômicos e geopolíticos têm indicado que petróleo, gás e carvão terão vida longa.
Grandes petroleiras, inclusive europeias, estão recuando em seus investimentos em transição e dando preferência ao retorno financeiro com a exploração e produção de óleo e gás.
Enquanto governos ao redor do mundo abraçam cada vez mais o discurso da segurança energética, mesmo que isso signifique carvão. Dos EUA de Donald Trump à África do Sul, que este ano preside o G20, a preocupação é garantir acesso à energia.
Isso se reflete também nas discussões do Brics, cujos membros respondem por quase metade da produção mundial de petróleo, e, ao que tudo indica, deve ecoar na COP30.
Fonte: Eixos