A corrida global por soluções climáticas já começou — e não basta participar, é preciso estar na linha de frente. O Brasil avança com políticas como o RenovaBio, a recém-sancionada Lei do Combustível do Futuro e aumento da mistura de etanol e biodiesel. O mesmo movimento se vê em grandes economias, onde os biocombustíveis têm crescentemente se transformado em pilar estratégico de competitividade, segurança energética e liderança geopolítica.
Foi com esse cenário em mente que a Amcham Brasil, ao lado de iCS, CEBDS, CEBC e CEBRI, realizou o seminário “Biocombustíveis Sustentáveis para Transporte Internacional”, no Rio de Janeiro. O encontro reuniu lideranças empresariais e governamentais para discutir o papel do Brasil na descarbonização de setores como aviação e transporte marítimo — segmentos de difícil eletrificação e alta intensidade de emissões.
Durante o evento, foi apresentada e entregue a declaração das entidades a representantes da COP30 e do governo brasileiro. O documento propõe uma agenda estratégica para tornar o Brasil protagonista global em biocombustíveis sustentáveis, com foco em rastreabilidade, segurança ambiental, harmonização regulatória e acesso a mercados internacionais.
A entrega foi feita pelo presidente da Amcham, Abrão Neto, a Roberto Rodrigues (COP30 – Agricultura), Elbia Gannoum (COP30 – Energia), Marina Grossi (COP30 – Setor Empresarial) e Leandro Gomes Cardoso (Ministério do Meio Ambiente).
“Não se trata apenas de acompanhar. Trata-se de influenciar a direção”, afirmou Abrão Neto. “Temos uma janela clara para posicionar o Brasil como líder global — mas isso exige articulação, velocidade e ambição.”
Enquanto isso, outros países seguem ampliando seus mandatos obrigatórios para combustíveis sustentáveis. A União Europeia já projeta até 70% de SAF na aviação até 2050. Os EUA impulsionam o setor com créditos fiscais via Inflation Reduction Act. Reino Unido, China, Coreia do Sul, Japão e Índia já definiram metas progressivas para os próximos anos.
Demanda deve crescer 400% até 2050
A demanda global por biocombustíveis pode crescer até quatro vezes até 2050. Sem escala, o mundo pode enfrentar déficit de oferta já em 2030. A resposta está na diversificação de rotas tecnológicas, uso produtivo de áreas degradadas e coordenação público-privada.
O Brasil tem todos os ingredientes — biomassa, tecnologia, governança e capital humano. O que falta é transformar essa vantagem em posição clara de liderança no novo mapa energético global.
Fonte: Amcham