Um grupo de seis bancos e empresas lançou nesta segunda-feira (4) uma iniciativa para mostrar ao mundo soluções climáticas que já são realidade no Brasil e que têm potencial de ganhar escala global.
A Climate Action Solutions & Engagement foi criada por Bradesco, Itaúsa, Itaú Unibanco, Natura, Nestlé e Vale. Como sugere o nome abreviado C.A.S.E., o objetivo é aproveitar a atenção voltada ao país por causa da COP30 para dar destaque a cases de sucesso nacionais.
O plano é selecionar 20 casos, 6 dos quais envolvem os fundadores da iniciativa. A organização vai seguir os mesmos pilares da Agenda de Ação definidos pela presidência da COP: financiamento climático, bioeconomia, transição energética, sistemas alimentares, economia circular, infraestrutura e transição justa.
O presidente da conferência, embaixador André Corrêa do Lago, descreveu a iniciativa como um “sonho de consumo”. Ele esteve no evento de lançamento, durante a São Paulo Climate Week, junto com a diretora-executiva da COP30, Ana Toni, e o Campeão Climático de Alto Nível, Dan Ioschpe.
O objetivo da agenda de ação é mobilizar os atores que não são parte formal das negociações climáticas, incluindo o setor privado. Esse “mutirão global”, como escreveu Corrêa do Lago em sua primeira carta à comunidade internacional, é chave para colocar em prática as decisões tomadas ao longo de três décadas do regime climático internacional.
“Isso para mim é a COP”, afirmou Ana Toni, em relação à iniciativa C.A.S.E. “É o espírito que a gente quer, passando da negociação para a implementação.”
Os próximos passos da iniciativa envolvem um tour pelas semanas do clima que acontecem nas próximas semanas, no Rio de Janeiro e em Nova York, para divulgar a ideia.
Em Belém, durante a COP30, a C.A.S.E. será apresentada formalmente em um espaço mantido pelas empresas fundadoras. O plano é incentivar discussões sobre o papel do setor privado no combate à mudança do clima.
Uma das palavras mais ouvidas no evento de lançamento foi colaboração. “É um statement não só de ambição, mas de colaboração”, afirmou Silvana Machado, diretora executiva do Bradesco.
Não foram apresentados muitos detalhes de como o trabalho se dará na prática. Marcelo Furtado, diretor de sustentabilidade da Itaúsa, afirmou que além de dar visibilidade internacional ao que já é realidade no país, os integrantes da iniciativa querem viabilizar o ganho de escala dos projetos, o que inclui financiamento.
O horizonte vai além de Belém. Oficialmente, o Brasil assume a presidência da COP no início da conferência, que acontece entre 10 e 21 de novembro, e o mandato dura até a COP31. A C.A.S.E. deve continuar ativa pelo menos durante este período.
Mobilizações desse tipo parecem ser um dos pontos centrais da agenda de ação. A ideia de multiplicar experiências que já vêm dando resultado é mencionada com frequência pela liderança da COP.
“Temos a tecnologia, as inovações e os recursos, agora precisamos fazer as coisas de um jeito mais efetivo”, afirmou Ioschpe, que foi escolhido para o cargo de Campeão Climático entre outros motivos por seu trânsito na economia real.
Outra ambição declarada desse esforço de conectar-se com o mundo além das salas de negociações envolve a racionalização das ações e compromissos lançados nos dez anos da agenda de ação.
Eles somam quase 500. Ana Toni afirma que a ideia é encontrar as sobreposições e chegar a um número mais administrável.
Outro objetivo, talvez mais importante, é dar transparência a esse tipo de esforço. Muitos envolvem compromissos voluntários de companhias, instituições financeiras e governos subnacionais. Na maioria dos casos, depois dos anúncios não há nenhuma prestação de contas ou acompanhamento.
Fonte: Capital Reset