A União Europeia (UE) e Cuba assinaram na última terça-feira (15) um acordo para promover as energias renováveis na ilha, o primeiro após a normalização de suas relações diplomáticas, que estão decididos a aprofundar independentemente de Washington.
A reunião do Conselho Conjunto UE-Cuba é "uma pequena grande notícia positiva em um mundo cada vez mais conflituoso, o que mostra que o compromisso, o diálogo e a perseverança podem dar bons resultados diplomáticos", disse a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, após se reunir com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez.
Bruxelas e Havana começaram uma nova etapa em suas relações no último 1º de novembro com a entrada em vigor do Acordo de Diálogo Político e Cooperação, cuja assinatura meses antes pôs fim à chamada Posição Comum de 1996 que limitava a cooperação a avanços em direitos humanos.
Esta normalização ocorreu em plena mudança de ventos em Washington. Após a aproximação do ex-presidente americano Barack Obama, seu sucessor na Casa Branca, Donald Trump, paralisou o degelo com as autoridades da ilha, afetada por um embargo americano desde 1962.
A nomeação, em 19 de abril, de Miguel Díaz-Canel como presidente cubano, após os governos de Fidel e Raúl Castro, tampouco mudou a postura de Washington, que reiterou sua prioridade de libertar Cuba, onde permanece o "legado de tirania" dos líderes da revolução de 1959.
Neste contexto, o chanceler cubano agradeceu Mogherini pela tradicional posição cubana contra o bloqueio imposto pelos Estados Unidos, ressaltando que o atual mandatário "aumentou a agressividade em sua aplicação extraterritorial [de suas sanções] contra bancos e companhias europeias".
A UE, que também enfrenta a diplomacia de Trump na questão do acordo nuclear iraniano, opta por manter sua estratégia de diálogo com as autoridades como "a melhor forma de acompanhar as transformações em Cuba", disse à AFP um alto funcionário europeu.
- Investimentos internacionais -
Os europeus esperam que sua cooperação econômica com a ilha melhore a vida dos cubanos e estabeleça assim as bases para uma maior abertura política no país latino-americano, onde o Partido Comunista (PCC, único), com Raúl Castro à frente até 2021, representa o núcleo do poder cubano.
"Há mudanças simbólicas. Pela primeira vez, temos um presidente que não participou da revolução, que não é um militar", mas "precisa-se de tempo para medir o impacto que isto terá na linha política do país", detalhou esta fonte, que pediu anonimato.
Enquanto isso, a UE começou a implementar sua estratégia de cooperação com a assinatura, nesta terça-feira, de seu primeiro convênio de financiamento, no valor de 18 milhões de euros, para apoiar Cuba em seu objetivo de gerar 24% de eletricidade em 2030 por meio de energias renováveis.
Outro dos objetivos, como explicou o comissário europeu de Cooperação e Desenvolvimento, Neven Mimica, é ajudar a ilha socialista a "atrair investimentos" estrangeiros para o setor da energia e "intercambiar práticas" para avançar na agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável.
Os europeus também preveem financiar a partir do fim do ano um programa de apoio à segurança alimentar resistente ao clima e sustentável em Cuba, com uma contribuição de 19,65 milhões de euros.
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Fonte: AFP