Durante a 21ª Conferência das Partes (COP21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), na França, foi aprovado por 195 países o Acordo de Paris. O objetivo é reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE) no contexto do desenvolvimento sustentável e manter o aumento da temperatura média global em menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais, além de esforçar para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
O Brasil ratificou o acordo e, assim, as metas brasileiras deixaram de ser pretendidas e tornaram-se compromissos oficiais. O compromisso nacional foi de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025, com uma contribuição indicativa subsequente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030. Para isso, o país se comprometeu a aumentar a participação de bioenergia sustentável na sua matriz energética para aproximadamente 18% até 2030, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas, bem como alcançar uma participação estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz energética em 2030.
O pesquisador da Embrapa Agroenergia, Bruno Galvêas Laviola, estudou sobre o assunto e os rumos que o Brasil deve tomar para alcançar as metas pretendidas. 'Em nossos estudos, verificamos que para atingir esta contribuição, o setor de biocombustíveis tem um grande desafio pela frente, que pode ser reconhecido também como grande oportunidade de crescimento para o setor. Para cumprir a contribuição, precisamos fazer com que o setor de biocombustíveis cresça a taxas maiores que as previstas atualmente e/ou que sejam incluídos na matriz energéticas a produção de outros biocombustíveis.' Neste sentido, Laviola considera que existem gargalos técnico-político-econômicos que não podem ser ignorados e merecem atenção, seja do governo, seja do setor produtivo. 'Para o setor de biodiesel, por exemplo, para avançarmos em misturas no diesel superiores a 15%, precisaremos de diversificação de matérias-primas, com escala suficiente para atender à demanda. Atualmente, existem diversas oleaginosas que podem ser usadas na produção de biodiesel, porém somente a soja possui escala de produção suficiente.'
O pesquisador exemplifica que um combustível verde que poderia ajudar o País a cumprir o compromisso firmado em Paris é o bioquerosene para aviões. 'O setor aéreo internacional tem metas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e, no Brasil, há iniciativas para promover o abastecimento com derivados de biomassa, a exemplo da plataforma mineira e da plataforma pernambucana. O biogás é outro combustível com bastante potencial, principalmente porque aproveita resíduos. O aproveitamento dos óleos residuais, como o óleo de fritura, seria uma alternativa de ampliar a disponibilidade de matéria-prima. No setor de etanol, temos também grandes oportunidades de diversificação para ampliar a produção, como por exemplo, o etanol de primeira geração produzido de matérias-primas alternativas e o de segunda geração.'
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Fonte: Jornal Canal da Bioenergia