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18 out 2019 - 08:50
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Relatório do IPCC sobre a degradação dos oceanos e da criosfera, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgou, no dia 25 de setembro de 2019, um novo relatório que analisa e sintetiza as descobertas científicas mais recentes sobre a crise climática, os oceanos e a criosfera (superfície terrestre coberta permanentemente por gelo e neve). O relatório contou com a coordenação de mais de 100 especialistas de 30 países e foi estruturado para apresentar os diversos cenários sobre como o aquecimento global pode afetar os oceanos, as calotas polares e os glaciares.


Até agora, os oceanos do mundo ajudavam a evitar as mudanças climáticas, absorvendo calor e dióxido de carbono da atmosfera. Mas isso está mudando, com consequências devastadoras para a humanidade nas próximas décadas.


A taxa de aquecimento dos oceanos dobrou, desde o início dos anos 90, e as ondas de calor marinhas estão se tornando mais frequentes e intensas – tendências que estão remodelando os ecossistemas oceânicos e alimentando tempestades mais poderosas. E, à medida que os oceanos absorvem o CO2, eles se tornam mais ácidos, o que ameaça a sobrevivência dos recifes de coral e a vida marinha, devendo provocar maior insegurança alimentar.


O aquecimento global já atingiu 1,1º C acima do nível pré-industrial, devido à emissão de gases de efeito estufa (GEE). Há evidências esmagadoras de que isso está resultando em profundas consequências para os ecossistemas e as pessoas. O quadro é de oceanos mais quentes, mais poluídos, mais ácidos e menos produtivos, geleiras e glaciares em derretimento, aceleração do aumento do nível do mar, enquanto os eventos extremos costeiros vão se tornando mais frequentes e graves.


O novo relatório prevê que o nível do mar pode subir até 1,1 metro até 2100, se as emissões de GEE continuarem a subir. Os oceanos e a criosfera desempenham um papel crítico para a vida na Terra. Um total de 670 milhões de pessoas vivem em regiões de montanhas elevadas e 680 milhões de pessoas em regiões costeiras baixas. Quatro milhões de pessoas vivem permanentemente na região do Ártico e pequenos estados insulares em desenvolvimento abrigam 65 milhões de pessoas.


O recuo da criosfera de alta montanha continuará afetando negativamente as atividades recreativas, turismo e bens culturais. À medida que as geleiras das montanhas recuam, elas também estão alterando a disponibilidade e a qualidade da água a jusante, com implicações para muitos setores, como agricultura e energia hidrelétrica. As mudanças na disponibilidade de água não afetarão apenas as pessoas nessas regiões de alta montanha, mas também comunidades muito mais a jusante.


O degelo da região ártica será danoso para o solo de permafrost. Mesmo que o aquecimento global seja limitado a bem abaixo de 2 ° C, cerca de 25% do permafrost da superfície próxima (3-4 metros de profundidade) derreterá até 2100. Se as emissões de gases de efeito estufa continuarem a aumentar fortemente, existe o potencial de que cerca de 70% do permafrost próximo à superfície possa ser perdido.


O permafrost ártico e boreal retém grandes quantidades de carbono orgânico, quase o dobro do carbono da atmosfera e têm o potencial de aumentar significativamente a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, se derreterem. Não está claro se já existe uma liberação líquida de dióxido de carbono ou metano devido ao degelo contínuo do permafrost no Ártico. No futuro, o aumento do crescimento das plantas pode aumentar o armazenamento de carbono nos solos e compensar a liberação de carbono do degelo do permafrost, mas não na escala de grandes mudanças a longo prazo.


Os incêndios florestais são eventos perturbadores na maioria das regiões de tundra e boreais, bem como nas montanhas. Conhecimento para ação urgente O relatório conclui que reduzir fortemente as emissões de gases de efeito estufa, proteger e restaurar ecossistemas, e gerenciar cuidadosamente o uso dos recursos naturais tornaria possível preservar o oceano e a criosfera como fonte de oportunidades, oferecendo múltiplos benefícios sociais adicionais.


O relatório considera que quanto mais decisivamente e quanto mais cedo a humanidade agir, mais capaz será de enfrentar as inevitáveis mudanças, gerenciar os riscos, melhorar a vida das pessoas e alcançar a sustentabilidade para ecossistemas hoje e no futuro.


O mundo só conseguirá manter o aquecimento global bem abaixo de 2º C acima dos níveis pré-industriais se efetuar transições sem precedentes em todos os aspectos da sociedade, incluindo energia, terra e ecossistemas, infraestrutura urbana e industrial. As ambiciosas políticas de redução das emissões de GEE são fundamentais para cumprir as metas do Acordo de Paris. A proteção dos oceanos e da criosfera é essencial para sustentar a vida na Terra.


As manchas de óleo que atingiram as praias brasileiras do Nordeste são um exemplo da poluição dos oceanos e já matou muitas tartarugas, golfinhos e peixes. A vida marinha sofre com o aquecimento global e a transformação dos mares em uma grande fossa onde a humanidade joga seus dejetos, seu lixo e seus resíduos tóxicos.


Em síntese, a poluição, a degradação, a sobrepesca e o aumento do nível do mar são processos que estão se tornando incontroláveis e que estão se acelerando, podendo provocar milhões de óbitos e trilhões de dólares em prejuízo para as pessoas, as empresas e o governo.


A vida começou nos mares e a morte dos oceanos pode se transformar no fim de linha para a sobrevivência da humanidade, sendo uma ameaça concreta ao avanço civilizatório.


 


José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.


Fonte: EcoDebate

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