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19 ago 2024 - 09:44
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Sem sustentabilidade, neoindustrialização que Brasil precisa tanto não existirá

Neoindustrialização, um conceito relativamente novo, mas que tem sido cada vez mais frequente no noticiário econômico, especialmente em países emergentes como o Brasil. A ideia diz respeito à modernização e reestruturação da indústria, com foco na inovação e diversificação das cadeias produtivas. Segundo especialistas, tal conceito é alicerçado em três pilares, o uso de tecnologias disruptivas, como Inteligência Artificial; a digitalização de processos produtivos e a sustentabilidade.


Entre três pilares, o último já tem sido uma preocupação de mais tempo dentro do setor industrial, uma vez que já em 1975, por meio do decreto nº 1.413, que dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais, era instituído o Dia Nacional do Controle da Poluição Industrial. A data, celebrada em 14 de agosto, tem por objetivo refletir sobre os impactos ambientais causados pelos resíduos poluentes liberados por atividades industriais.


Mesmo diante de um processo de desindustrialização que o Brasil vive hoje, esse setor ainda assim responde por 25% do PIB do país, segundo dados do Portal da Indústria. Portanto, não é uma atividade que merece menos atenção. Mas ao mesmo tempo, dada a sua relevância econômica, a atividade industrial no mundo é a principal consumidora de recursos naturais do planeta. De acordo com números da ong ambiental WWF, só a indústria de alimentos consome cerca de 34% do solo e 69% da água doce disponível. Nesse sentido, exemplos como o vindo da Marajoara, uma indústria de laticínios no interior de Goiás, mais do que louváveis, são o único caminho para uma economia efetivamente sustentável e dinâmica.


Localizada na cidade de Hidrolândia, a 35 quilômetros de Goiânia, a empresa implementou em 2021 um inovador projeto de fertirrigação, que trata a água usada em seus processos fabris em todo o seu ciclo, desde a captação pela indústria até a dispersão correta no meio ambiente. “Esse processo começa na captação, depois usamos a água em nossos processos, aí então vem uma parte muito, que desencadeia todo esse ciclo de uso sustentável que temos da água: é o tratamento dessa água residual por meio da nossa própria Estação de Tratamento de Efluentes (ETE)”, explica Vinícius Junqueira, diretor de marketing e de compras da Marajoara.


Usando um método chamado flotação por ar dissolvido, em que todas as impurezas da água são separadas por meio de um equipamento chamado de flotador, a ETE da Marajoara consegue uma eficiência superior a 90%, bem acima dos 70% exigidos pela lei ambiental.


Ambientalmente correto


Vinícius afirma que, até a implantação do projeto de fertirrigação, essa água era lançada num córrego da cidade, o que legalmente está correto, já que a água era dispersa com um grau de purificação bem acima do exigido em lei. Mas ele explica que a direção da indústria queria que essa dispersão fosse ainda mais ambientalmente correta. “Com a fertirrigação conseguimos dar uma destinação mais sustentável ao recurso. Então montamos uma rede de tubulações e essa água já tratada pela nossa ETE, era usada para irrigação de uma área de pasto bem próximo à sede da indústria. Com isso, essa água reabastece o lençol freático, e o solo, como um elemento filtrante, deixa essa água 100% pura para um novo ciclo de uso”, conta Vinícius Junqueira.


O sistema de fertirrigação usado pela Marajoara envolve a instalação de três bombas em tanques de água tratada, que transportam cerca de 75 mil litros de água por hora ao longo de quase um quilômetro de tubulações. Esse volume é reaproveitado em média 1 milhão de litros de água de reuso a cada 12 horas. A água é distribuída por aproximadamente 600 aspersores, garantindo que cada gota seja bem aproveitada, sem desperdício.


Para que se tenha uma destinação totalmente sustentável e ambientalmente correta dos resíduos gerados pelos seus processos fabris, soma-se à fertirrigação da Marajoara outro importante projeto, o uso da  biomassa gerada pelo tratamento da água junto à ETE, como fertilizante para pastagens de pequenos produtores de leite na região da indústria. 


“Essa matéria orgânica que é separada água, após passar pela ETE, serve como um poderoso adubo, que contém vários nutrientes importantes para cultivo de pasto em propriedades rurais aqui em Hidrolândia, que nós cadastramos e acompanhamos. O uso dessa biomassa  trá uma significativa melhora para a produtividade e qualidade da alimentação dos animais. Antes desse projeto, tínhamos um custo algo para encaminhar essa biomassa para fazendas de compostagem, sem falar, que não era a destinação mais ideal. Hoje reaproveitamos ela da melhor maneira possível, ajudando pequenos produtores”, conta o gerente de marketing e compras da Marajoara, ao lembrar que ambos os projetos, em sua implantação, foram aprovados pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.


 


Fonte: Brasil 247

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