Maior cadeia gaúcha de distribuição de insumos agrícolas, a 3tentos, com sede em Santa Bárbara do Sul e faturamento de mais de R$ 3 bilhões no ano passado, continua expandindo a rede em seu Estado natal e está colocando em marcha um plano de expansão em Mato Grosso, que lidera a produção brasileira de grãos.
O plano independe da oferta inicial de ações (IPO) originalmente programada pela empresa para o início do ano, prevista em R$ 1,5 bilhão e que foi adiada à espera de melhores condições do mercado. “Já estamos vivendo como uma empresa de capital aberto, mas ainda não definimos uma nova data para o IPO”, disse ao Valor o CEO Luiz Osório Dumoncel, que fundou a 3tentos com o pai João Osório e o irmão João Marcelo em 1995 - a empresa foi batizada com esse nome em homenagem às tradicionais tiras gaúchas de couro usadas para laçar touros e cavalos bravos.
Segundo Luiz Osório, a rede nasceu quase como uma evolução natural dos negócios da família. João Osório começara na agricultura em 1954, e em meados da década de 1990 o pulverizado segmento de vendas de insumos como sementes, fertilizantes e defensivos já apresentava grande potencial de consolidação e crescimento.
Com a expansão veio a profissionalização, e a 3tentos tornou-se uma S.A. em 2010, com foco no varejo de insumos, originação de soja, milho e trigo e industrialização de soja, com destaque para a produção de biodiesel. “Queremos ser uma empresa de soluções para agronegócios, que não encontrávamos no mercado quando éramos apenas agricultores”, afirma o CEO da empresa.
Nos últimos dez anos, a expansão das atividades foi acelerada, a partir de investimentos que somaram R$ 550 milhões no período. Em Ijuí, a 70 quilômetros de Santa Bárbara do Sul, a companhia ergueu em 2013 uma unidade de produção de farelo de soja e óleo degomado - a operação de biodiesel começou em 2014 -, e em 2019 adquiriu uma planta de farelo e óleo de soja em Cruz Alta. Além disso, consolidou uma rede de distribuição de insumo, com 43 unidades no Rio Grande do Sul em 2020, quando a carteira de cliente somou 17 mil cadastros e o número de funcionários chegou a 1,3 mil.
Nesse ínterim, a família, que também produz grãos no norte de Mato Grosso - as fazendas dos Dumoncel estão reunidas em outra empresa -, começou a olhar com atenção para o varejo de insumos no Estado do Centro-Oeste. Há cerca de oito anos abriu uma loja no município de Sinop, mas é neste ano que as atividade deverão começar a deslanchar por lá.
“Mato Grosso é o Estado do país mais próximo do Rio Grande do Sul”, brinca Luiz Osório, lembrando do grande número de agricultores gaúchos que subiu pelo Brasil profundo para ocupar o Cerrado com pecuária e grãos. A 3tentos já adquiriu um terreno em Vera, município vizinho a Sinop, para construir uma unidade de negócios para atender à região, e a construção de uma fábrica em Mato Grosso está na agenda.
Nos próximos cinco anos, afirma o executivo, a expansão da companhia ficará concentrada nos dois Estados. “Vamos ‘fechar’ o Rio Grande do Sul, já que ainda temos um terço do Estado a explorar, e iniciar efetivamente os negócios em Mato Grosso, com foco em soja e milho”, diz.
No modelo da 3tentos e de outras grandes redes de revendas de insumos agrícolas em expansão no país, como as formadas pelas gestoras Aqua Capital e Pátria Investimentos, a originação de grãos é considerada fundamental para fomentar as operações de barter (troca de insumo pela produção) com os agricultores, que garantem o plantio e funcionam como hedge.
Em 2020, segundo Luiz Osório - que é graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Estado Rio Grande do Sul e tem MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas -, a 3tentos originou mais de 1 milhão de toneladas de soja, 120 mil de milho e 70 mil de trigo.
Outra frente que ganhou força, impulsionada pela pandemia, são as transações digitais fechadas com os clientes. Com o GrãoExpress, ferramenta dentro do app 3tentos, é possível integrar produtores rurais e consultores técnicos para acelerar, entre outras coisas, o próprio barter.
Com Mato Grosso, o ritmo de crescimento da companhia tende a se intensificar. Nos últimos dez anos, o faturamento aumentou, em média, 27% ao ano. Luiz Osório Dumoncel prefere não divulgar projeções para este ano, para não atrapalhar o processo de IPO, mas não esconde que está otimista, tendo em vista o incremento da colheita de grãos no país nesta safra 2020/21 e as perspectivas de novo avanço no ciclo 2021/22, cuja semeadura vai começar em setembro próximo.
Fonte: BiodieselBR
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