Aumento da mistura no diesel, reduziria dependência externa e limitaria alta de preço, diz setor
Não dá para imaginar o Brasil se livrando totalmente da dependência do diesel. O país, porém, pode reduzir o peso desse combustível na matriz energética já a curto prazo. É o que lideranças das indústrias e associações de produtores de biodiesel mostraram ao governo no fim de maio, durante a paralisação dos caminhoneiros.
A produção de biodiesel, que teve início no país em 2005 e busca a substituição de parte do diesel por
combustíveis renováveis, foi desenvolvida com o objetivo de buscar uma inclusão social e desenvolvimento regional no país.
Hoje são 51 fábricas em diversas regiões, e a capacidade de industrialização está próxima de 8,1 bilhões de litros.
As principais matérias-primas da produção desse combustível renovável são soja (75%) e gordura animal (20%). Os outros 5% vêm de óleo utilizado para frituras, além de óleos de algodão, palma e canola.
A abundância de
matéria-prima permite evolução rápida da produção de biodiesel. Além de abundantes, esses produtos são nacionais, o que reduz a dependência externa, segundo Donizete Tokarski, diretor-superintendente da
Ubrabio (
União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene).
O aumento contínuo das produções de soja e de proteína animal é garantia de matéria-prima para o setor, de acordo com ele.
Além disso, Tokarski acredita que a participação do óleo de cozinha será cada vez maior no biodiesel. Atualmente tem presença de apenas 1,5% no Brasil. Nos EUA, líderes mundiais na produção desse combustível, chega a 16%.
"É um programa jovem, mas ainda pode avançar muito", diz Erasmo Carlos Battistella - Foto - , presidente da
Aprobio (
Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil).
Localizadas em regiões produtivas de grãos e de proteínas, as fábricas de biodiesel trazem a chamada "economia circular", promovendo desenvolvimento regional, diz Plinio Nastari, presidente da Datagro.
O consumo anual brasileiro de diesel é de 55 bilhões de litros --aí incluída uma mistura de 10% de biodiesel.
Em uma década, o consumo de diesel, mais o de biodiesel, será de 72 bilhões de litros. Desse volume, 14,4 bilhões poderão vir do biodiesel, se a mistura, hoje em 10%, for a 20%.
O setor precisa, porém, de previsibilidade e continuidade da política de mistura, diz Battistella. Um aumento da participação do biodiesel no diesel poderia ser limitador do aumento dos preços do derivado de petróleo, papel exercido pelo etanol anidro na gasolina. A mistura do álcool anidro na gasolina é de 27%.
No longo prazo, o biodiesel também poderia ser competidor do diesel, assim como o etanol hidratado é da gasolina.
Para que isso ocorra, o setor fez ao governo propostas de curto e médio prazos.
Continue lendo
aqui.
Fonte: Folha de S.Paulo