Os produtores de biodiesel do Brasil estão prontos para aumentar a produção para evitar uma grande escassez de oferta de diesel, disse João Henrique Hummel, que representa os interesses do setor na Câmara, à BNamericas.
Em setembro do ano passado, o governo decidiu reduzir a obrigatoriedade da mistura de biodiesel no diesel por conta do alto preço da soja, principal matéria-prima para a produção do biocombustível no país.
De acordo com Hummel, que é diretor executivo da consultoria local Action, o setor tem condições de atender imediatamente a demanda nacional pela mistura B12 e está se preparando para B15 a partir de março de 2023, que é o cronograma original para o mandato de mistura de biodiesel.
“É um mercado que pode ser competitivo e hoje temos quase 50% da nossa capacidade produtiva completamente ociosa”, disse. “Estamos colocando o setor à disposição do governo para resolver o abastecimento de diesel no Brasil, sem impacto cambial.”
O Brasil importa cerca de 30% do diesel que consome, e os altos preços do petróleo combinados com a desvalorização do real em relação ao dólar contribuíram para a inflação de dois dígitos.
A inflação se transformou em um grande problema eleitoral para o presidente Jair Bolsonaro, que está atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas para as eleições gerais de outubro, e pressionou a Petrobras a manter os preços em suas refinarias.
Ao levar longos intervalos para ajustar seus preços de combustível, a Petrobras prejudicou a competitividade dos importadores locais, ameaçando o abastecimento de combustível em algumas partes do país.
A Petrobras aumentou os preços da gasolina e do diesel na sexta-feira (17), que foi de 99 e 39 dias, respectivamente, desde os últimos reajustes.
“Em um momento em que se fala em escassez mundial de diesel, não seria hora de reduzir a mistura de biodiesel no diesel?”, perguntou Silvio Roman, superintendente de biodiesel da Delta Energia, em entrevista à BNamericas.
Roman destacou o que ele vê como benefícios do setor de biodiesel para o país, incluindo geração de empregos, apoio a pequenos agricultores e respeito ao meio ambiente.
O Ministério de Minas e Energia (MME) não quis comentar o assunto quando contatado pela BNamericas.
Na quinta-feira (16), a diretoria da Petrobras realizou reunião extraordinária para avaliar questões relacionadas aos preços dos combustíveis no Brasil e no exterior.
“A Petrobras reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, evitando o repasse imediato da volatilidade externa e do câmbio causados por eventos conjunturais”, afirmou a empresa, em nota.
No dia seguinte aos aumentos de preços da Petrobras, Bolsonaro disse via Twitter que seu governo se opunha a quaisquer aumentos nos preços dos combustíveis.
A Petrobras é uma empresa estatal que deveria zelar pelo interesse do público em geral, mas está obtendo “lucros exagerados” em meio a uma crise mundial, disse ele.
Bolsonaro também disse que a Petrobras pode mergulhar o Brasil em um caos econômico, se não mudar de rumo.
“Seu presidente, diretores e membros do conselho estão bem cientes do que aconteceu com a greve dos caminhoneiros em 2018 e das terríveis consequências para a economia do Brasil e a vida de nosso povo”, escreveu ele.
Fonte: BNamericas
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