Respirar ar puro, embora seja um ato simples, não é uma tarefa fácil de ser executada. A não ser que as pessoas morem no campo ou em bucólicas cidades do interior. Entretanto, esse elemento vital para o ser humano está cada vez mais envenenado. Um novo estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade, lançado nesta semana por ocasião do Dia Mundial da Poluição, mostra dados alarmantes sobre os poluentes atmosféricos em São Paulo, uma das metrópoles do mundo. Eles foram a causa de 31 mortes precoces por dia em 2015, ou um total de 11.200 no período. Isso representa mais que o dobro das mortes provocadas por acidentes de trânsito (7.867), cinco vezes mais que o câncer de mama (3.620) e quase 6,5 vezes mais que a Aids (2.922). Segundo estudos, permanecer duas horas no trânsito da capital equivale a fumar um cigarro.
Este grave problema de saúde pública permanece praticamente ignorado pela população e pelo poder público porque a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que estabelece os padrões de qualidade do ar nacionais em vigor até hoje, foi implementada há 27 anos e, portanto, não reflete os novos conhecimentos científicos sobre o tema. Apesar de terem dado início a um processo progressivo para que se atinjam os padrões recomendados pela Organização Mundial da Saúde, os estados de São Paulo e Espírito Santo não estabeleceram prazos para o cumprimento das etapas e continuam empregando parâmetros defasados.
Na avaliação de especialistas, é inaceitável que um problema de saúde pública desta dimensão continue invisível. No entendimento de pesquisadores do Instituto de Ensinos Avançados da Universidade de São Paulo, o Instituto Saúde e Sustentabilidade propõe a atualização dos padrões de qualidade do ar preconizados pela Organização Mundial da Saúde dentro do menor prazo possível. Embora não altere a situação do ar, mudar o padrão permitirá entender a real situação para que seja possível agir para sanar o problema, como já vem acontecendo, por exemplo, com a revisão dos padrões de qualidade do ar que acontece no Conselho Nacional do Meio Ambiente e com o edital do transporte público e projetos sobre combustíveis limpos para o transporte público de São Paulo, por exemplo. Nessas horas, dados corretos podem fazer a diferença em prol de projetos de lei e políticas públicas eficientes.
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Fonte: O Progresso