O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (16) que o Brasil vive atualmente um momento inédito de importância no mundo, em decorrência das discussões sobre a transição energética e a transição climática.
A fala acontece em um momento em que o país enfrenta uma crise climática, com seca severa na região Norte e queimadas em diferentes partes do país.
"O Brasil possivelmente não tenha tido na sua história nenhuma perspectiva, nenhuma chance de galgar espaços importantes no mundo como tem agora com transição climática e com a transição energética", afirmou o presidente.
"Nunca o mundo viu o Brasil com tanta importância, não é só pelo agronegócio, não só pelo minério de ferro, nem só por causa da soja e não só pela carne. É porque o Brasil, em se tratando de energia, é um país imbatível. Basta que a gente seja grande, pense grande, acorde e transforme esse sonho em realidade", completou.
Lula participou da cerimônia de formatura do Instituto Rio Branco, a escola de preparação de diplomatas.
O homenageado como paraninfo pela atual turma foi o embaixador José Maurício Bustani, que foi diretor-geral da Opaq (Organização para a Prescrição das Armas Químicas) e enfrentou pressão dos Estados Unidos no episódio das supostas armas de destruição em massa. Ele acabou demitido do órgão e as armas, jamais foram encontradas.
Bustani já havia sido convidado uma vez para ser paraninfo de uma turma do Rio Branco, em 2019. Na ocasião, seu nome foi vetado pelo comando do Itamaraty, à época chefiado pelo ultraconservador Ernesto Araújo.
Lula ainda completou que o país não deve perder a "chance" com a transição energética, se envolvendo em guerras. Citou em particular a guerra entre Rússia e Ucrânia. Sem citar nomes, disse que há líderes que agora querem encontros com ele para discutir o conflito, mas que não estavam disponíveis antes de sua eclosão.
"Por isso é importante o Brasil não participar da guerra da Ucrânia e da Rússia. Por isso que é importante o Brasil dizer: 'nós queremos paz, não queremos guerra'", afirmou.
"Aqueles que querem conversar conosco poderiam ter conversado conosco antes da guerra. Por isso é que repudiamos massacre contra mulheres e crianças na palestina, da mesma forma que repudiamos o terrorismo do Hamas", completou.
Lula então declarou que quer manter relação com todos os países, independente de ideologias. Citou nesse caso a Venezuela, país que vem enfrentando uma crise por causa da insistência do ditador Nicolás Maduro de não dar transparência ao resultado das eleições —que afirma ter vencido — e por aumentar a repressão contra a oposição.
"Não temos nada contra os Estados Unidos, mas somos soberanos. Não temos nada contra a China, mas somos soberanos. E o Brasil quer estar com a China, com a Índia, com os Estados Unidos, com a Venezuela, com a Argentina. O Brasil quer estar com todo mundo", afirmou.
Durante o seu discurso, o presidente Lula elogiou a diversidade na turma formanda, com a presença de mulheres e, em particular, de mulheres negras. Nesse momento, ele criticou o judiciário brasileiro, lembrando que participou de uma posse onde apenas havia brancos. Fez então referência a uma "supremacia branca".
"Esses dias fui na posse de um ministro no tribunal [no Superior Tribunal de Justiça]. Era uma supremacia branca que não tem nada a ver com a realidade brasileira. Eu dizia que não vi nenhum aluno no ProUni naquela posse, não vi nenhum aluno do Fies, parecia que era um outro mundo", afirmou o presidente.
Fonte: Folha de S. Paulo
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