As entidades ligadas à produção de biodiesel afirmam que o setor está preparado para uma eventual elevação da mistura para 20% de biodiesel no diesel.
Após uma redução do percentual de mistura para 10% no governo de Jair Bolsonaro, a taxa subiu para 12% em abril de 2023 e seria de 13% em 2024, subindo para 14% em 2025, conforme resolução do Conselho Nacional de Política Energética de março do ano passado.
Em dezembro de 2023, no entanto, o conselho antecipou a mistura de 14% para março deste ano e a de 15% para 2025.
Projeto a ser votado na Câmara, no entanto, propõe 20%. Há ainda uma demanda do governo para até 25%. Com o aumento para 20%, a demanda de biodiesel subiria para 13,2 bilhões de litros, um volume ainda inferior à capacidade de produção da indústria, que é de 14,7 bilhões, informam as empresas do setor.
Se aprovada, a mudança demandaria 8,7 milhões de toneladas de óleo de soja, com a utilização de 42 milhões de toneladas da oleaginosa, acima dos 30 milhões na mistura de 14%, segundo dados da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
Antonio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil, diz que, pelo lado da demanda, o aumento é uma boa notícia para o setor. A área plantada e a tecnologia utilizada hoje permitem aos agricultores uma expansão da produção, em condições normais de clima.
Neste ano, o setor vive um período de forte queda de preços, embora haja redução da produção. Um esmagamento pode dar maior sustentação aos preços.
Pelo lado da mecânica, no entanto, há uma preocupação, afirma ele. Algumas das máquinas que estão no campo chegam a R$ 4 milhões cada uma, e um eventual problema nos motores trará grandes prejuízos ao produtor.
Aprimoramento e cuidados no sistema de refino são essenciais, principalmente para as máquinas que já estão operando e que não foram produzidas com a adaptação para a mistura de B20, afirma.
O parque industrial do setor de biodiesel é composto por 60 usinas, com dez delas em expansão e oito em construção. Com isso, a capacidade de oferta de biodiesel subirá para 16,2 bilhões de litros, podendo atender também um percentual de 25% de mistura.
As usinas colocaram 7,5 bilhões de litros no mercado em 2023. Neste ano, serão 8,9 bilhões, e no próximo, 10,9 bilhões, conforme o cronograma atual de mistura. Desses volumes, pelo menos 70% vêm do óleo de soja.
Dentro da política de reduzir as emissões de carbono, o governo pretende também elevar a mistura do etanol de 27% para 30% na gasolina, o que aumentará a demanda de milho e de cana-de-açúcar para a produção desse combustível renovável.
Nos Estados Unidos, a demanda do setor de etanol, que provém do milho, é para uma liberação da mistura para 15% durante todo o ano, e não apenas em parte dele. No verão não é permitido.
Nesta terça-feira (20), na Conferência Nacional do Etanol, em San Diego (CA), o secretário de agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsack, disse que isso deverá ocorrer em 2025.
O setor americano tem 198 usinas de etanol, espalhadas por 24 estados. Com uma capacidade instalada de 68 bilhões de litros. Produziu 59 bilhões no ano passado, e exportou 5,4 bilhões, segundo dados RFA (associação das empresas de combustíveis renováveis).
Fiscais O ministro Carlos Fávaro deverá participar de reunião com os auditores fiscais federais agropecuários, segundo a Anffa Sindical (que reúne esses profissionais). Desde 22 de janeiro, o setor promove a chamada "Operação Reestruturação", que pede mudanças na carreira.
Fiscais 2 Já a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) diz que as agroindústrias estão enfrentando dificuldades com a mobilização dos fiscais. A operação coloca em risco cargas vivas e compromete a importação e a exportação de material genético.
Fonte: Folha de S. Paulo
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