O biodiesel emerge como uma alternativa ambientalmente responsável ao diesel de origem fóssil (diesel A), trazendo benefícios significativos para o Brasil. Gerado de fontes renováveis, como óleos vegetais e gorduras animais, o biodiesel não apenas contribui para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa, mas também apresenta vantagens notáveis em relação ao diesel mineral.
Conforme estimativas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a introdução do biodiesel pode evitar cerca de 80% das emissões de CO?eq. em comparação com o diesel convencional. Além disso, de acordo novamente com a EPE, a mistura de biodiesel ao diesel demonstrou consistentemente reduções substanciais de material particulado, melhorando a qualidade do ar, especialmente em centros urbanos.
Entretanto, o diesel comercial (diesel B), que é formado pelo diesel A e pelo biodiesel, enfrenta desafios significativos relacionados à preservação da qualidade, principalmente durante o armazenamento e a distribuição.
A degradação do combustível, formação de borras e contaminação por água são problemas que podem acometer tanto o diesel A quanto o biodiesel se não forem tomadas medidas simples para que os problemas não aconteçam.
Nesse contexto, a aplicação de boas práticas torna-se crucial, não apenas para garantir a eficácia da fração biodiesel, mas também para manter a qualidade do diesel. Ambos os produtos requerem os mesmos cuidados.
A cadeia de distribuição, desde o armazenamento até o abastecimento final, desempenha um papel fundamental neste processo. Conscientizar e implementar boas práticas é essencial para superar os desafios comuns dos combustíveis.
A experiência brasileira no setor de biocombustíveis coloca o país em uma posição privilegiada para liderar essa transição, promovendo a sustentabilidade em toda a cadeia de suprimentos, e as externalidades positivas de uma matriz de combustíveis mais limpa não podem ser perdidas por negligência ou falta de conhecimento acerca de medidas preventivas que garantem a qualidade do produto.
Panorama do diesel no Brasil
O óleo diesel se traduz no grande fator de desenvolvimento e criação de riqueza do país. Os motores diesel estão nos caminhões leves e pesados, nas máquinas mineradoras, nos ônibus, nas picapes, nas máquinas de construção de estradas, nos tratores agrícolas, nas colheitadeiras, plantadeiras e roçadeiras, na geração de energia, guindastes e toda uma gama de usos que faz do diesel a solução mais usada por sua alta disponibilidade, bons níveis de qualidade e preço.
Em 2023, o consumo de óleo diesel comercial foi de cerca de 65 milhões de m³, de acordo com dados parciais da ANP até novembro, o que dá uma boa ideia do potencial que existe na matriz energética brasileira de descarbonização.
A motorização diesel, por sua alta confiabilidade e versatilidade, prosseguirá por muitos anos ainda cumprindo seu papel de geração de energia. Porém, é importante que se migre para modelos de mais baixa intensidade de carbono.
Por melhores e mais sofisticados que sejam os equipamentos, continuam queimando diesel fóssil, com fração ainda modesta de biodiesel. Esse cenário precisa se ajustar de modo a incorporar cada vez mais renováveis ao diesel comercial. Essa é uma condição necessária para um futuro sustentável da matriz energética do Brasil.
Atualmente, o diesel B é o produto comercial brasileiro que contém 12% de biodiesel. A partir de março de 2024, passará a ter 14% em sua composição.
Oportuno mencionar que até a proporção de 15%, o governo atestou a qualidade do produto e sua plena compatibilidade por meio de testes com participação de toda a indústria automobilística, autopeças e máquinas em um ciclo de testes coordenado pelo MME e MCTIC.
Desafios e soluções
O diesel comercial manuseado sem cuidado pode apresentar alguns problemas que vão da formação de borras, desenvolvimento de bactérias e a degradação do próprio combustível por envelhecimento. Como consequência, pode haver falhas no funcionamento do motor, perda de potência e redução da vida útil dos filtros de combustível. A grande maioria das disfunções têm na água o principal precursor e isso independe de haver ou não biocombustíveis na mistura, ou de seu teor percentual.
Talvez a principal medida para evitar tais problemas seja a obrigatoriedade de drenagem da água presente nos tanques de combustível dos postos de revenda, dos tanques de abastecimento das frotas como também dos veículos e máquinas. Quanto menos frequente for o uso do equipamento, mais importante se tornará a drenagem.
Um detalhe importante: essa tarefa tem custo zero, pois os tanques de combustível possuem sistemas simples que executam esta função. Como sugestão, recomenda-se a drenagem diária, na pior das hipóteses, semanal.
Essa medida evita uma série potencial de problemas que, frise-se, acontecem independentemente da adição ou não de biodiesel, ou seja, já existiam antes da introdução do biodiesel ao diesel brasileiro em caráter voluntário a partir de 2005 e obrigatório após 2008.
Conclusão
Em resumo, o biodiesel destaca-se não apenas como uma alternativa ambientalmente amigável, mas também como uma oportunidade para impulsionar o desenvolvimento sustentável no Brasil.
Fato é que a aplicação de boas práticas é mandatória para que a qualidade do diesel comercial seja preservada e assim se possam obter todos os benefícios ambientais que o diesel – agora menos poluente com a fração renovável do biodiesel – traz para a sociedade brasileira.
Fonte: Globo Rural
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