Concentrações recorde de CO2, elevação do nível do mar, recuo das geleiras, a 23ª conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre mudanças climáticas em Bonn, na Alemanha, começou nessa segunda-feira (06/11), com argumentos suficientes que comprovam a urgência de se agir. O planeta bateu em 2016 seu terceiro recorde mundial consecutivo de calor, com uma temperatura superior em cerca de 1,1ºC com relação à média da era pré-industrial, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
O século XXI já conta com 16 dos 17 anos mais quentes desde que começou o registro de temperaturas, em 1880. No Ártico, a extensão do gelo no verão de 2016 foi a segunda mais reduzida já registrada (4,14 milhões de km2, atrás da de 2012). Em algumas regiões da Rússia, a temperatura foi 6ºC ou 7ºC superior ao normal. No outro extremo da Terra, na Antártida, a banquisa perdeu na primavera austral (novembro) quase 2 milhões de km2 com relação à média dos últimos 30 anos: era de 14,5 milhões de km2 em 2016 e de 16,35 milhões de km2 entre 1981 e 2010.
O derretimento das geleiras nos Alpes continuou pelo 36º ano consecutivo. As grandes cidades, devido ao efeito das "ilhas de calor", geradas pelo cimento e pelo asfalto, poderiam ganhar até 8°C adicionais até 2100. Ainda que se limite à elevação a 2ºC - a meta do Acordo de Paris -, cidades como Jacarta, Lagos, Caracas e Manila vão superar o umbral de "calor letal" durante metade do ano.
400 partes por milhão
A concentração dos três principais gases de efeito estufa - dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), alcançou novos máximos em 2016. "Enquanto em 2015 era de 400 partes por milhão (ppm), a proporção de dióxido de carbono na atmosfera (...) alcançou 403,3 ppm em 2016" e "representa agora 145% com relação à era pré-industrial", segundo a OMM. Trata-se do nível mais elevado em 800.000 anos.
As emissões de gases de efeito estufa, derivadas das emissões de energia fóssil, deveriam se estabilizar em 2016 pelo terceiro ano consecutivo, um avanço inédito ligado aos esforços da China, mas mesmo assim insuficiente, segundo o balanço dos cientistas do Global Carbon Project. Cientistas alertaram, ainda, para um pico repentino e inexplicado das emissões metano, gás que tem um efeito estufa maior que o CO2.
+3,3 mm ao ano
O nível dos mares continua subindo. Segundo um estudo recente, o fenômeno, que se pensava ser gradual até agora, parece se acelerar: o nível dos mares aumentou entre 25% e 30% mais rápido de 2004 a 2015 do que durante o período 1993-2004. Este aumento poderia se intensificar à medida que as geleiras e calotas polares sofrem degelo (Antártica, Groenlândia). A elevação é mais rápida em alguns pontos, como no Pacífico e no Oceano Índico.
Fonte: AFP publicado em A Tribuna