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20 abr 2022 - 10:21
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Investimento sustentável ganha fôlego no Brasil

O ESG nunca esteve tão presente na indústria de investimentos como agora. De emissões de dívida corporativa atrelada a indicadores sustentáveis a fundos de investimentos que escolhem “na unha” as empresas preocupadas com a agenda ESG para investir, o mercado está a todo vapor e com novos lançamentos todos os meses.


De um lado estão os investidores — alguns poucos ainda — pedindo por produtos mais responsáveis com a sociedade e o meio ambiente. Do outro, gestoras que buscam trazer alternativas para seus clientes e se antecipam a mudanças na regulação.


A legislação da temática deu um salto no último ano, com novas diretrizes vindas da Comissão de Valores Mobiliários, do Banco Central e da Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).


Levantamento feito pela Anbima a pedido do Prática ESG mostra um aumento de 74% no número de fundos de ações que se enquadram na temática sustentabilidade e de governança corporativa de 2008 a março de 2022. Se lá atrás eram apenas 27, no fim de março já somavam 47 produtos. O patrimônio da classe saltou 96% no período, passando de R$ 1,03 bilhão para R$ 2,01 bilhões em março de 2022.


Foco nos pequenos


Se em 2020, eram apenas quatro ETFs (fundos que espelham índices) e dava para contar nos dedos das duas mãos as gestoras que tocavam produtos mais sustentáveis, agora a conta dá muito mais trabalho.


Correndo o risco de deixar produtos de fora, o Prática ESG elencou cerca de 300 fundos entre ações, crédito privado, internacional e nacional, de previdência privada e ETFs que seguem a temática. É uma grande mudança em pouco tempo, se levado em consideração que até meados de 2018 apenas dois fundos existiam no Brasil, além de alguns poucos ETFs.


No mundo, o segmento de investimento responsável já chega a US$ 35,3 trilhões, crescimento de 15% em dois anos, o que representa 36% dos ativos financeiros totais, segundo o Global Sustainable Investment Alliance de 2020. Dados da Morningstar compilados pelo Morgan Stanley em estudo de 2019 mostram que existiam 281 fundos de investimento nos EUA com foco em ESG, aumento de 144% desde 2004.


O investimento responsável ou sustentável já está no radar dos mais endinheirados há alguns anos, especialmente daqueles que seguem as tendências do mercado financeiro estrangeiro, como grandes famílias e investidores institucionais. O que está acontecendo agora é que começam a surgir mais opções, inclusive para investidores pequenos.


Estímulo:  Incentivos fiscais alavancam projetos da agenda verde


No Itaú Asset, o patrimônio dos fundos na temática ESG cresceu cinco vezes, de R$ 46 milhões em 2019 para R$ 263,8 milhões em janeiro de 2022. Mas o número de cotistas se multiplicou por 16, de 650 para cerca de 11,4 mil em no período.


— Não é moda. A demanda é crescente — afirma Renato Eid Tucci, que é líder de estratégias Beta e integração ESG da Itaú Asset.


A gestora vem ampliando seu portfólio nos últimos anos. Se em 2019 oferecia apenas três produtos, em 2021 fechou o ano com 11, incluindo um fundo composto por ativos de empresas ligadas ao mercado de hidrogênio e outro relacionado à transição para economia limpa.


Caique Cardoso, especialista de portfólio da Itaú Asset, completa dizendo que há espaço para este tipo de produto, principalmente na fatia de investimento internacional da carteira dos investidores:


— Vemos que muitos clientes ainda não têm posicionamento internacional. Há resistência, mas essa é uma jornada.


Os fundos de investimento no exterior, ou seja, produtos com mais de 40% de seu patrimônio líquido aplicados diretamente no mercado internacional, só podem ser oferecidos a investidores qualificados, que tenham pelo menos R$ 1 milhão em investimentos.


A grande oferta de fundos ESG está neste filão, já que as opções de ativos são incomparavelmente maiores no exterior, ainda que haja na B3 os BDRs, os recibos de ações negociadas fora do Brasil.


Mariana Oiticica, sócia do BTG Pactual e colíder de Investimentos ESG e de Impacto da instituição, conta que o banco tem visto uma procura grande também em renda fixa, por estruturação e distribuição de dívida sustentável. O volume de emissões, segundo ela, mais que dobrou em 2021, quando comparado a tudo que o banco fez desde que começou na área, em 2016.


Em renda variável, ela destaca os fundos ativos de ações. O BTG tem hoje 25 fundos de investimentos com selo sustentável, inclusive fundos de impacto, alocados no exterior, na temática de florestas. Ao todo, entre produtos de investimento locais e de fora do Brasil, na temática sustentável, soma US$ 1 bilhão sob custódia de clientes.


O perfil de quem investe hoje em ESG pende para dois lados: o de investidores institucionais, como gestoras de recursos e fundos de pensão, e os mais jovens, mais antenados nas tendências e preocupados com a saúde do planeta. Na XP, por exemplo, a fatia da carteira de clientes abaixo de 30 anos tem o dobro de ativos ligados à sustentabilidade do que a média do total dos investidores.


Na visão de Beatriz Vergueiro, líder de Produtos ESG da XP, há ainda muitas oportunidades para serem exploradas em investimentos sustentáveis. Uma das mais novas, o fundo passivo Trend Carbono Zero, que aplica recursos em empresas ligadas ao mercado de crédito de carbono, está chamando a atenção.


Com oito meses de vida, já captou mais de R$ 60 milhões. Parte da demanda é explicada pela atualidade da temática. A rentabilidade também atrai: desde junho de 2021, quando foi criado, rendeu mais de 50%.


A XP é uma das plataformas que mais têm produtos ESG. São quase 50 fundos em renda variável que somam R$ 3 bilhões sob custódia. Outros R$ 5,5 bilhões sob custódia estão em operações verdes de renda fixa (dívida corporativa).


Novos parâmetros


Até o ano passado, a classificação de fundos sustentáveis da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) abrangia apenas a classe de ações.


Percebendo que nos últimos anos houve um crescente no número de fundos que se autodenominavam “verdes”, “sustentáveis” ou “ESG/ASG”, mas que acabavam não entrando em seu radar, a entidade resolveu lançar uma nova parametrização para esses produtos, que começou a valer em 2022. O objetivo é acompanhar mais de perto esse novo mercado e ajudar os investidores a separar o joio do trigo.


— Começamos a identificar um crescente número de novos produtos que pareciam ESG e percebemos que era importante entender como diferenciar quem é mesmo sustentável de quem não é. Olhando o que outros países estão fazendo, como Reino Unido e mercados europeus, decidimos trabalhar com a identificação de fundos e não com classificação — comenta Carlos Takahashi, da gestora BlackRock no Brasil e coordenador do grupo consultivo de Sustentabilidade da Anbima.


Para ser considerado fundo de investimento sustentável e ganhar o sufixo “IS” (Investimento Sustentável), é preciso ter sua estratégia amarrada com a temática. O processo de escolha dos ativos, metodologia e os dados que dão suporte à gestão da carteira devem ser divulgados, entre outras obrigações. As orientações constam no código de autorregulação da Anbima.


Inventário de emissões


Na prática, serão orientações mais de princípios e menos prescrições para identificar o fundo IS.


— Constatamos um aumento no número de emissões e fundos, mas temos que olhar qual a qualidade desse crescimento — pontua Takahashi.


Até por ser uma área recente e que carece, em alguns casos, de metodologias e indicadores unificados para analisar todos os seus pormenores, é natural que haja tropeços — o que iniciativas como a da Anbima querem evitar.


Uma reportagem do jornal britânico Financial Times de meados de fevereiro conta a história de uma diretora de negócios que descobriu que a maior parte do portfólio de investimentos verde era composta de ações de bancos e não, como esperava, de empresas que desenvolvem energia limpa.


A reportagem lembra ainda uma pesquisa feita no ano passado que avaliou 600 fundos de ações “sustentáveis” e constatou que 400 deles não estavam alinhados com as metas do Acordo de Paris, tratado no âmbito da ONU que visa a reduzir o aquecimento global.


Pesquisa recente feita pela XP com 123 gestoras (107 locais e 16 internacionais) mostrou que apenas 19% delas oferecem produtos específicos com abordagem ESG. Além disso, só 32% das gestoras realizam seu próprio inventário de emissões de gases de efeito estufa anualmente. E pouco menos de metade (46%) são aderentes ao PRI (Princípios para Investimentos Responsáveis).


Duas em cinco (40%) gestoras abordaram inicialmente a pauta ESG há pelo menos três anos e 57% de todas as respondentes utilizam a integração ESG no processo de investimento, isto é, incorporar os fatores ESG aos modelos de análise/valuation.


Ainda que nem todas (só 46%) excluam das carteiras aplicações baseadas em determinados segmentos de mercado, empresas ou países que não seguem critérios de ESG, a chamada estratégia de filtro negativo. Estamos avançando, mas ainda falta estrada.

Fonte: O Globo

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