SÃO PAULO — Para conseguir aprovar as questões legais necessárias para a criação do mercado de carbono no Brasil, por exemplo, pauta em andamento no Congresso, é preciso não apenas vontade política, mas também uma ajuda de quem entende de fazer dinheiro e incentivos financeiros.
— O Brasil tem características para ser o maior player (participante) do mundo no mercado de carbono. Nosso custo de emissões é 10 vezes menor. Estamos discutindo com o Ministério da Economia e o Banco Central a taxonomia e os critérios mínimos para registrar o carbono no Brasil para garantir que seja carbono de qualidade e que possamos exportá-lo — disse o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, em painel sobre Economia verde nesta terça-feira, organizado pelo banco BTG Pactual.
O ministro acrescentou:
— Temos várias oportunidades de fontes, como renováveis, reflorestamento, agricultura e indústria de baixa emissão. Estamos fazendo reuniões com o setor privado e com o BNDES.
Leite comentou que há um projeto em andamento que analisa o uso de resíduos de aves, suínos, aterros sanitários e outros resíduos para geração de biogás, que pode ser uma fonte alternativa de energia, e de biometano, substituto de combustíveis fósseis. Falou ainda que não apenas será algo bom para o meio ambiente, como também para o bolso de quem adota essas soluções.
— Criamos um projeto de carbono para incentivar também financeiramente a redução das emissões — disse.— Queremos usar o acordo feito na Conferência do Clima para transformar em oportunidade para negócios verdes.
Em novembro passado, durante a COP26, o governo do Brasil assinou o compromisso de reduzir em 50% das emissões dos gases associados ao efeito estufa até 2030 e a neutralização das emissões de carbono até 2050. Isso com projetos que preservam a floresta nativa e recuperam áreas desmatadas.
Leite citou, por exemplo, que produtores rurais poderão trocar o diesel fóssil dos tratores pelo biometano e gerar, com isso, créditos de carbono que possam trazer receitas adicionais para a propriedade, já que, com o mercado de carbono regulado, poderão vender esses créditos que gerarem a mais. A mesma lógica se aplica à redução das emissões de metano, comuns na agropecuária.
— Nos próximos dias vamos lançar junto com Minas e Energia esse programa — afirmou.
Citou ainda que a possibilidade de geração de dinheiro também deve ser um atrativo para incentivar a gestão de resíduos sólidos.
— Falamos com o Paulo Guedes [ministro da Economia] para criar um crédito de reciclagem para dar valor ao plástico e ao vidro, assim como já é feito com o alumínio. Enquanto reciclamos 93% do alumínio, o percentual do plástico e o do vidro não passam de 24%.
O ministro ressaltou:
— Dá para dobrar esse número, mas a responsabilidade é de todos nós. Também queremos fazer um leilão reverso das indústrias e importadores, o que poderia trazer mais adição e valor econômico aos resíduos.
Leite comentou ainda que a atividade de coleta também pode gerar renda para os “agentes de reciclagem”, pessoas que são responsáveis pela coleta dos itens. A ideia é que tenha pontos de coletas – ecopontos – em diversos locais das cidades, como no caminho das pessoas ao transporte público, algo que ajudaria a estimular que elas separassem e depositassem os itens reutilizáveis.
E enfatiza que, com mais pontos, há mais demanda por quem ajuda na coleta e, consequentemente, mais dinheiro circulando.
Fonte: Agência Globo
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