Um estudo liderado por uma professora brasileira, revela que a mistura de 25% (ou mais) de biocombustíveis com baixo teor de carbono em misturas de combustíveis convencionais líquidos em alguns países selecionados da África e da Ásia podem levar a reduções de 10% a 15% na pegada total de carbono dos combustíveis líquidos, ou 262 Mt (milhões de toneladas) de CO2e por ano. A conclusão é do Task 39, um dos grupos de trabalho da AIE Bioenergia, um organismo subordinado à Agência Internacional de Energia. E está publicada no relatório “Biocombustíveis nos Mercados Emergentes da África e da Ásia”. O estudo foi liderado por Glaucia Mendes Souza, pesquisadora e professora titular do Departamento de Bioquímica da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Programa de Bioenergia (BIOEN) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Nele, é detalhado o potencial da mistura de biocombustíveis aos combustíveis fósseis de uso corrente em sete mercados emergentes: China, Etiópia, Índia, Indonésia, Malásia, África do Sul e Tailândia.
O trabalho agrega dados a um estudo anterior que avaliou Argentina, Brasil, Colômbia e Guatemala. Juntos, estes 11 países podem contribuir com quase metade da meta de redução de emissões globais necessárias no setor de transporte para atingirmos a neutralidade de carbono até 2050. O documento será apresentado oficialmente durante a conferência BBEST & IEA Bioenergy 2024, em São Paulo, que começa amanhã (22) e vai até quinta-feira (24). O evento é organizado conjuntamente pelo Programa de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN/FAPESP), pelo Programa de Colaboração em Tecnologia de Bioenergia da Agência Internacional de Energia (IEA Bioenergy) e pela Sociedade de Bioenergia (SBE).
A professora Gláucia Mendes diz que “a iniciativa tem como objetivo apresentar uma estratégia custo-efetiva para reduzir as emissões de GEE do setor de transportes nesses mercados, já que ele deverá crescer rapidamente nos próximos anos em função do desenvolvimento econômico pelo qual estão passando.” O relatório apresenta uma estimativa das emissões de GEE do biodiesel e do etanol que podem ser comercializados em Etanolmercados emergentes da África e da Ásia. “Reduções de até 87% foram relatadas em alguns casos de misturas, quando comparadas às suas contrapartes de combustíveis fósseis”, comenta. Para a professora, o estudo indica que os biocombustíveis são, sim, competitivos em termos de custos, quando comparados com a base dos preços dos combustíveis fósseis, com algumas exceções. Entre elas, nos casos de países em que as matérias-primas são muito caras para a produção de biocombustíveis ou nos quais os combustíveis fósseis são altamente subsidiados.
Como alternativa à utilização de matérias-primas locais, o relatório considera a adoção do comércio internacional dedende 1 biocombustíveis – uma estratégia amplamente adotada para os combustíveis fósseis. Os resultados demonstraram a competitividade em termos de custos desta opção. Outro aspecto abordado são emissões adicionais de GEE provenientes de fretes internacionais, as quais são facilmente compensadas pelas poupanças de GEE proporcionadas pelos biocombustíveis. O relatório do Task 39 da AIE Bioenergia traz recomendações aos decisores de políticas públicas e inclui sugestões para o desenvolvimento de políticas de biocombustíveis que busquem recompensar critérios de sustentabilidade e excluir as práticas insustentáveis – tudo baseado em esquemas de certificação. O download do estudo está disponível aqui ou no site do Task 39 do AIE Bioenergia.
Fonte: Petro Notícias
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