Visto como uma das alternativas para o Brasil nos próximos anos, os combustíveis renováveis foram debatidos em uma live realizada pelo Sindicato dos Combustíveis da Bahia (Sindicom), na tarde desta terça-feira, 16, com apoio do jornal A TARDE.
O diretor-geral da Associação Nacional do Petróleo (ANP), Rodolfo de Saboia, abriu o debate lembrando a demanda cada vez maior para matrizes não poluentes, diante das mudanças no clima, ainda que num ambiente de incertezas econômicas, provocadas principalmente pela pandemia do coronavírus.
E a Bahia pode sair na frente, de acordo com o vice-governador, João Leão (PP), que também participou da live. “A Bahia é campeã no Brasil em energia solar e eólica", afirmou. Ele explicou que, com o polo sucroalcooleiro da região Oeste, a Bahia deverá alcançar a autossuficiência na produção para o consumo interno de álcool.
A discussão sobre a política verde dos combustíveis contou com a moderação do professor do Instituto de Biologia da Unicamp, Gonçalo Amarante, a participação da engenheira de Thaynara Espíndola, Engenheira de Energia, doutoranda da Unicamp e pesquisadora dos impactos do RenovaBio; e de Ricardo Abreu, engenheiro mecânico especializado em motores de combustão interna e consultor da Bright Consulting.
O presidente do Sindicom, Luiz Gonzaga do Amaral Andrade, participou da live e ajudou na articulação entre os palestrantes.
Alternativa real
Para, Thaynara Espíndola, os "biocombustíveis'' são uma alternativa real para transição do uso de combustível no Brasil, no caminho em busca do uso de uma matriz energética com uma “menor pegada de carbono”. Mas ela ressalta que o processo de transição para fontes energéticas menos poluentes no Brasil não pode ocorrer de forma isolada, mas integrada aos aspectos econômicos e sociais das medidas adotadas.
“A precificação para redução da emissão, conhecida como créditos de carbono, já é uma política de mercado consolidado internacionalmente, sendo comercializada nas maiores bolsas de valores do mundo”, explicou ela
De acordo com Thaynara, o CBIO é uma moeda, a exemplo do Bitcoin (moeda digital), uma moeda ambiental. “No futuro o CBIO poderá ser adquirido por qualquer tipo de setor (que utiliza algum tipo de combustível poluente).”, afirmou.
Já o engenheiro Ricardo Abreu avalia que é preciso pensar o controle da emissão de poluente a partir da demanda e necessidade da cada cidade e região, através do chamado controle seletivo, praticado no Chile e no México. Ele avalia que não “precisamos de uma legislação só para todo país”.
Na análise dele, em motores de combustão interna e consultor da Bright Consulting não existe uma “emissão” zero de carbono, mas sim uma busca pelo impacto zero no meio ambiente, de modo a conter o impacto no planeta.
“O aquecimento global é tão importante e tão dramático, e está ocorrendo tão rápido, que não é mais o momento de ficar discutindo qual que é melhor, veículo elétrico ou de biocombustível [mas de agir para combatê-lo]. Aquecimento global é igual Covid-19, temos que achatar a curva agora, se deixarmos a temperatura subir, pode não adiantar mais. A floresta que virou deserto não volta mais a ser floresta”, destacou Abreu.
Ele classifica o biocombustível como uma solução acessível para o país, e avalia que veículo elétricos, por exemplo, poderão ser utilizados em corredores de transporte das grandes capitais, mas que não seria indicado para ser utilizado em toda frota no país, pelo alto custo do investimento e da não necessidade, por cada cidade ter o seu próprio nível de poluição.
Ricardo Abreu acredita que o caminho será o uso de várias fontes de energia simultaneamente, aliado ao empenho tecnológico na produção de energias limpas, sustentáveis e de baixo custo, até o momento em que o mundo poderá abrir mão definitivamente dos combustíveis fósseis.
Fonte: A Tarde
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